28.1.16

Pensando melhor



O aparentemente
Deplorável hábito
De colocar de volta na caixa
O fósforo usado
Pode até ter alguns motivos
Para ser justificado

Pode ter sua vida útil estendida
Se servir para trasnferir
De uma boca do fogão para outra
A chama que ele mesmo criou
Podendo assim economizar
Um irmão seu ainda imaculado

Serve ainda para palitar os dentes
E remover aquele resto de comida ordinário
Que depois de escondido
Fica por horas sendo lembrado
Mesmo com o piano brilhando
Já devidamente escovado

E por último charmosamente no canto da boca acomodado
De um lado para o outro displicentemente deslocado
Desde que nas orelhas não tenha sido previamente usado
Incutindo no cidadão um certo ar de graça e informalidade
Provocando suspiros nas moças que passam
Em frente ao boteco do bairro

Sem dúvidas
Diante desta argumentação inquestionável
Vejo que lugar de fósforo usado
É mesmo dentro da caixa (seu leito sagrado)
Esperando uma segunda chance
E quem sabe até um uso inusitado

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