31.8.15

The life



It's a banquet
With strange taste

An unusual food
Which may not please the palate

Of who unsuspecting
Dares to sit at the table

Not knowing how to play
Or the price to pay

28.8.15

Sempre soube



Que este momento iria chegar
O dia em que seria preciso
A alforria deste amor decretar

Arrancá-lo do peito
Mandá-lo passear
Chutá-lo para fora
(Se preciso for)
E sem a possibilidade do não
Convidá-lo a se retirar

Pois nada mais tenho
Para lhe oferecer
Recusa-se a aceitar
Minha forma de querer
Ocupa espaço
Apenas pelo hábito de ficar

Assim quem sabe um outro ser
Desarmado nele queira se aninhar
E uma troca mais justa possa enfim se iniciar

27.8.15

Comment croire



Il ya encore un peu de vie
Dans ma difficile de marcher
Si même pas le bruit des pas
Maintenant, je peux écouter?

26.8.15

Resposta ao Itamar



Só o próprio ser
Tem como desdobrar
Suas esquinas

25.8.15

A fome vem do não



Mas o excesso de não

A fome
Engole

Quem tem fome
Engole

Até o próprio não
Engole

24.8.15

Só não entendo por que



Que depois de tanto caminhar
E quando finalmente chegas em frente
De nossa antiga morada
Empacas

Me chamando
Com tuas lágrimas
Me chamando
Sem usar palavras

E mesmo com a porta escancarada
E o piano repetindo pela enézima vez
A introdução da ária
Que mais adoras cantar

Não consegues entrar
Achas mais fácil seguir em frente
E numa futura ocasião, mais fortalecida
Quem sabe, novamente tentar

21.8.15

Deixarei a luz da varanda acesa



A porta da frente encostada
A mesa posta
E a cama arrumada

Para que quando quiseres voltar
Antes que sejas castigada pela dúvida
E cogites recuar

Apenas girando a maçaneta
E sem nenhum esforço
Possas entrar

20.8.15

Não queiras tirar lição



Do que possas encontrar
Nestes escritos sem lógica ou razão
Não encares como verdades
As tragédias e sofrimentos
Expostos aqui inteiros ou pela metade
Não leves tão à serio
As artimanhas inventadas por alguém
Que não se compromete com quem lê

São frutos de uma imaginação
Que pulula e necessita deste movimento
Espremendo palavras
Destilando versos
Vestindo-os de sentimentos
Amor, paixão
Agudos e circunflexos
E que talvez tenha o divertimento
Como única intenção

19.8.15

It may seem incredible



But the most important things
That exist in the world
And forever stay
Are invisible

18.8.15

Mas se o beijo é arte



Então também pode tornar-se
Música ou poesia
Expressar-se como quiser
Ser totalmente livre
Ou cercar-se de garantias
Usando ritmo, métrica
Rima e melodia

17.8.15

Preciso tirar, um a um



Os inúmeros véus dos teus muitos sonos
Alcançar a morada dos teus sonhos
E verificar se ainda me acho por lá

Se ocupo a mesma caixinha
Na qual um dia com tanta delicadeza
Me acomodaste para o teu coração sossegar

Saber que música hoje toca ao abri-la
Se é nova ou antiga
E em que tom foi composta
Maior ou menor

14.8.15

Barcos de todos os tipos



Trazidos por alísios
Às vezes calmos
Outras tempestuosos
Chegam ao meu porto
E não te vejo desembarcar

Mas não deixo de vigiar o horizonte
Os sois que descem
As luas que sobem
Pois sei que pode até demorar
Mas um dia precisarás voltar

E eu estarei no cais
Pronto para amarrar tua corda
Estendendo a minha mão
Para que em terra firme
Novamente consigas pisar

Enxugarei o oceano do teu rosto
Saciarei o teu corpo
E te darei o mesmo ombro
Ainda rochoso
Para que possas descansar

E ficarei contigo até o momento
Em que não conseguires mais resistir
Em que ceder significará
Ter outra vez que partir
Atendendo aos chamamentos do mar

13.8.15

Virtual aseptic relationship



Seu mundo
Mundo nenhum
O mundo do outro

Compartilhar momentos
Não garante conteúdo
Nem contentamento

Mesmo mundo
Outro mundo
Mundo oco

Dividir o leito
Assentados em conhecimentos
Vindos só de intangíveis meios

Pode não ser solução
Para deletar a solidão
Ou garantir envolvimento

12.8.15

A arte da boca é o beijo



Comer
Qualquer um come

Falar
Qualquer um fala

Mas beijar bem
Exige talento

11.8.15

Ergo canteiros em muitas searas



Passo a mão no terreno
E me ponho a observar

Sinto sua maciez fértil
Mas não me atrevo a plantar

Plantar significa saber
E exige cuidar

Mas antes é preciso vencer
O medo de fracassar

10.8.15

L'amour



Il est quelque chose qui doit être partagé
Qui est seul ne l'aime pas
Regardez la vie passer
Vivre une illusion
Qui trompe la pensée
En essayant de cacher le sentiment de vide
Lors de l'utilisation de sa propre main
Pour un peu d'encouragement

7.8.15

Da última vez que tentamos falar



Nossa conversa
Não pode terminar

Pois insistias
Em argumentar

Que deveríamos (um do outro)
Descansar

Que o dia
Não tardaria a chegar

Que haveria
Muito que se trabalhar

Que a vida
Precisava continuar

E foi assim que vimos
A luz se apagar

Desde então
Ficou fácil perceber

Que dormir
Foi só o que soubemos fazer

E que estamos aumentando
O risco de esquecer (de vez)

Os caminhos
Que precisamos conhecer

Para que o abajour
Volte a acender

6.8.15

Diabólicos sussurros



Comprei sua alma
Comprei

Considerou-a falida
Aproveitei

Invadi seu corpo
Me apropriei

Percebi que valia
Paguei bem

Nada muda
Me deleitei

Tudo muda
Eu bem que avisei

Você fica
Determinei

Agora quem manda sou eu
Esta é a nova lei

5.8.15

Even if we are to war



When night falls
I come back to find you
Requiring peace

Because without you I can't be
And being alone
It's worse than the pain
Any torture can cause

4.8.15

Não permitirei



Que permaneça no quarto
Um criado que seja apenas mudo
Deve também ser cego e surdo

Não quero cúmplices em certos assuntos
Merecemos respeito
À privacidade de nosso mundo

3.8.15

Quando estou só



Demoro para amanhecer
O sol está mais pesado ao se levantar
E o dia tem trabalho dobrado para me convencer
Que ainda vale a pena continuar