31.8.11

MMA – e o triunfo da bestialidade


Como regredir mais?
Talvez voltando a ser canibais

Instintos sádicos santificados
Os heróis são os mais cruéis
Os que massacram sem piedade

Furiosos arrancando sangue
A martelar e desfigurar os rostos
De seus semelhantes

Pobre civilização que nos faz cada vez mais insanos
Nutrindo com a barbárie a alma dos ingênuos
Como caminhará daqui em diante?

30.8.11

Luz extrema


Ofusca a vista

Causa tanta cegueira
quanto a daquele que nunca conheceu
a luz do dia

29.8.11

Sou seu alvo


Atire quando quiser

Um mergulho preciso


Finca no coelho
suas garras o gavião

Na toca
uma ausência sentida

No ninho
biquinhos viverão

Sou pedra


És vidro

Sobre ti
me atiro

Desajeitado
exagero na força

Lamentando
recolho os pedacinhos

26.8.11

Se morrer é nascer em outro plano


Depois de mortos
precisaremos celebrar
dois nascimentos todo ano?

E se reencarnar for mesmo uma realidade?
Quantos aniversários (de fato)
teremos que comemorar na totalidade?

Na poça da folha


Preparando-se para o amor
Desprezando o frio
Banha-se o beija-flor

24.8.11

Quando a noite se inicia


O instinto age sobre a cama fria

O corpo busca o outro corpo
As metades se encontram
Pareando todos os pontos

A mão só se aquieta
Com a pele quente e macia
Do teu peito acomodado em conchinha

E é assim juntinhos que o sono
Nos aceita e engole todo dia

23.8.11

O que tenho a dizer


E que tanto nos angustia
Quando escorre de minha boca
Em grande parte
Na minha pele fica aderida

O que escapa
São frases sem nexo
Mutiladas
Que faladas nada aliviam
Tornam-se vazias

Recolho as palavras
Pelo chão espalhadas
Junto-as num monte
Sobre ele me sento
E fico a mirar o infinito
Buscando alento lá no horizonte

18.8.11

Não se engane com o aspecto que agora tenho


É só um merecido repouso
Para as minhas raízes cansadas

Mas quando o inverno passar
Folhas virão
Flores explodirão
E carregados de frutos
Meus galhos se vergarão

Passam-se os anos
E meu tronco
(Repare)
Ele não parou de engrossar

A água tem seu peso


E respeita a gravidade

A árvore tem raízes
E aceita sua imobilidade

O vento só tem o vento
E sua aparente invisibilidade

Mas provoca ondas
Balança folhas

10.8.11

9.8.11

No campo de batalha


Quando tudo parecia perdido
Os mortos ressuscitaram
Recobraram forças
Arrastaram-se em passo decidido
Gritando em uníssono
E (mais uma vez) lançaram-se contra o inimigo

Foi quando me disseste:


Acreditas que nada mais tens para me dar
Mas ainda não me devolveste a liberdade

4.8.11

A Europa é azul


Amarela é a América do Sul

3.8.11

Trânsito infinito de corpos


Tecidos que revestem ossos
Carcaças autômatas que deambulam
Algumas almas ainda penduradas por um fio
Outras há muito caídas
Perdidas ao longo do caminho
Montes delas empilhadas
Nos bueiros e sarjetas
Os corpos seguem em ato contínuo
Aproximam-se do precipício
E sem nem mesmo titubear
Se atiram

Celebro a sacralidade do teu corpo


Te explorando toda
Desde o olho
Voando no teu entorno
Num tapete mágico
Nosso leito encantado

Cavalgando por montanhas
Vento frio no rosto
Contornando caminhos
Evitando abismos
Segurando um no outro

Mergulhando na bruma mais densa
Sem oferecer resistência
Acreditando no delírio
Uma doce melodia ao fundo
E os desejos mais secretos atendidos

2.8.11

Olhe para mim quando for chorar


Quero contar suas lágrimas
E guardá-las neste pequeno vidro

Vou tê-lo no bolso sempre comigo
Para que quando do seu amor duvidar
Meus impropérios não lhe causem nova dor

E se estiver prestes a fraquejar
Umedecerei as pontas dos dedos
E em meus lábios raivosos e secos
O líquido deverei passar

Para que o sal derramado
Por tanto sofrimento
Não tenha sido em vão

Preciso estar atento
E sempre me lembrar

Quero esquecer


Aquele dia maldito
E o que ali ficou perdido
Quando o não dito
Sufocou tudo aquilo
Que até então fazia sentido

É mais fácil entender o contrário
E pagar caro pelo que dizemos
Quando a forma é errada
Não se tem freios na língua
Ou contrariamos o juízo

A saudade


Me transforma em assassino
Um serial killer - para ser mais específico

Assim que mato a que me maltrata o peito
Outra logo se apresenta e cutuca o ferimento

Infelizmente


O Tempo

...nun-ca...
...nun-ca...

...pa-ra...

...nun-ca...
...nun-ca...

...vol-ta...

Abra de uma vez esta porta!


O frio
é insuportável
aqui fora

O mundo
me virou as costas
e me mandou de volta

1.8.11

De novo me vou


Sem saber se poderei voltar

Tenho os pés amarrados
À âncora do barco

Já fui lançado ao mar