27.12.17

Hoje confesso


Mas preciso admitir
Primeiro a mim

O mais difícil não foi negar-te
Ou despedir-me de ti

O mais difícil pra mim
Foi deixar-te ir

22.12.17

Tenho que confessar


Não sou esse que achas que sou
Nem esse que consegues ver

E se só esse que achas que sou
É o que te convém

Então esse teu amor
Não é para mim também

Ele é para um outro ser
Esse que vês

O ser que achas que sou
E não para o que de fato sou

Não sei o que se passou
Se não te empenhaste pra valer

Só sei que o ser que sou
Não conseguiste ver

Por não ter conseguido se mostrar
Ou desististe de aprofundar o olhar

Sentindo-se ameaçada
Pelo que poderias encontrar

21.12.17

Tenta


Crescer
Por si

Crescer
Em si

Até
Conseguir

Ser capaz
De existir

Em paz
Pra seguir

20.12.17

Me magoei tanto contigo


E nunca percebeste

Por isso não me espantei em nada
Quando me disseste
Que a decepção te martirizava
Revelavas estar magoada comigo

Uma hora teria que acontecer
Estava previsto
Daquele amor maravilhoso mas ficcional
O que restou foi isso

Agora a tristeza é que dá o tom ao recital
Todo sentimento exagerado é falível
Bem-vinda à vida real
Nem todos os buracos do universo são paraísos

19.12.17

Temos que ter em mente


Que nada é para sempre

Que as coisas boas passam
E que as ruins passam também

Que quanto a isso
Nada podemos fazer

E que no final de tudo
Estaremos sozinhos

Tendo que enfrentar
A nós mesmos

Com o sentimento
Que estejamos vestindo

Frente a frente
Como num espelho

Felizes
Ou infelizes

Realizados
Ou frustados

Ou com qualquer outra coisa
Que nos tenha ocupado

Mesmo que para isso
Não estejamos preparados

18.12.17

Quanto te ouvi dizer:


-Esta foi a última vez!

Comecei a chorar
Desabei.
Eu simplesmente
Não soube o que fazer.

Me lembo apenas
De te ver me dar as costas
Partir sem olhar para trás
E mais nada dizer.

Precisei reunir forças
Para me levantar
E mesmo machucado
Conseguir sair do lugar.

O tempo passou
E a vida se encarregou
De nos cicatrizar as feridas
Nos acalmar o coração

E desenhar nossas histórias
Totalmente isoladas
Sem qualquer relação
Mas essa cena nunca me deixou.

E agora voltas
Com teu corpo magro
Casaco surrado
Ombros arcados

Olhos injetados
Pele marcada
Precisando de proteção
Pedindo amparo.

Entra, vou cuidar de ti
Não sou um monstro insensível
Descansa, recupera tuas forças
Ficarás segura aqui

O lugar que deixaste
Dentro de min
Ainda está aqui
Mas te advirto

Isso não significa
Que voltarás a ocupá-lo
Deixo isto claro
Desde o início.

Foi assim que decidi quando partiste
E me ajudou a persistir
Pois sabia que um dia
Novamente nos veríamos.

15.12.17

Em seu devido tempo


Tudo virará pó
No ar tudo se soltará

Aí o vento virá
E tudo espalhará

Pra bem longe
Tudo o vento levará

E de ti e pra ti
Nada ficará

E de mim e pra mim
Nada restará

Tudo se perderá
Tudo se apagará

Em seu devido tempo
Tudo se esquecerá

14.12.17

Aproveita e desfruta


Daquilo que a vida te deu
Como um presente.
O olho no olho
O cuidado sincero
O abraço apertado
O toque delicado
O calor do corpo
O cheiro do desejo
O gosto ardente do beijo.
Muitos beijos
O gozo, o gozo, o gozo supremo
Que só acontece dessa forma
Quando se está com alguém
Que nos tem um amor verdadeiro.
O momento é efêmero
Não há como fazer durar mais
E do amanhã nada sabemos.
Não podemos fazer voltar o tempo
É preciso doar-se por inteiro
Para que depois não nos deixemos corroer
Pelo arrependimento

13.12.17

Vem pra dentro


Senta e vem descansar.
Enxuga essas lágrima
De apego sem sentikdo
Não adianta mais chorar.
Já perdeste aquele amor
Ele não tem como voltar.

Agora só te resta abrir o coração
Mostrar ao mundo que ele está vazio
E pronto pra um outro alguém entrar.

Mas deixe claro desde o início
Que se esse novo sentimento for verdadeiro
Mesmo que não seja infinito
Será muito bem-vindo
Tratado a contento
E poderá ficar o tempo que precisar.

12.12.17

Há noites que insistem em durar


Noites que penetram fundo
E se recusam a acabar.

Noites que não tem coragem
De nos fazer tempestar

E desfazer de vez
O enovelado sem pontas

De sentimentos confusos
Que insistem em nos torturar.

Noites de chuva fina e contínua
Que pra quem sente

Não tem nada de sereno
E martiriza o insone

Ferindo por dentro
Num lento e doloroso garoar.

11.12.17

A chuva devassa a terra


Faz despertar
Aquilo que a terra escondeu

Seus olhos
Ao encontrarem os meus

Revelarão segredos
Que nunca mais serão só seus

8.12.17

Me esvaziei por completo


Me doei
Até que mais nada
Sobrasse de mim

E agora estou aqui
Me acercando de ti

Recolhendo restos
Pra tentar me reconstruir

Com as coisas que não te servem mais
As partes que conseguiram escapar
E as raspas que deixaste cair

7.12.17

Amanhece


E voltando do sono
Na contraluz
Percorro o teu contorno
Com as gardênias
Que até há pouco
Em teus cabelos
Serviam de adorno

Minha linha do horizonte
Paisagem que não conhecerá o abandono
Vales, planícies, colinas íngremes
Terreno sinuoso
Cenário de encantos
A concretização dos meus sonhos

6.12.17

Se encontras alguém


A quem consegues abraçar
Fora da tela
Com o joystick de lado
Sem bônus ou vida extra
Longe do bem e do mal

E se esse ser a quem abraças
Te aquece o corpo
E desperta em ti
Algo que não entendes
E não te parece racional

Não tenhas medo
Meu amigo
Venceste o espaço fictício
E acabas de voltar
Para o bom e velho mundo real

5.12.17

Quando não há mais


Como remendar os buracos
É preciso dispensar o paletó surrado
E vestir um novo casaco

Aquecer melhor o corpo que enfraqueceu
Reconquistar a paz e voltar a viver
Como a si mesmo lá no passado prometeu

4.12.17

Ce n'est pas juste la vérité


Cela fait bouger le monde
Mais aussi le mensonge

Tant le réel comme la fantaisie
Soutiennent la vie

1.12.17

Sei que estás exausta e desiludida


Vem outra vez, eu te convido
Deita comigo e dorme tranquila

Prometo não te incomodar
Mesmo que isso me custe a vida

E eu velarei o teu sono
Lembra, sou a única pessoa em quem confias

Farei só o que tenho feito
Serei apenas porto seguro e boa companhia

Insone, sonharei o teu sonho
Tentando te ajudar enquanto restauras as energias

Pois sei que assim que acordares
Te sentirás novamente ultrajada e perdida

E sairás correndo em desespero
Sem ao menos tempo prum agradecimento ou despedida

Voltarás para o mesmo labirinto
De infinitas curvas e esquinas

Onde é fácil entrar
Mas que para sair só com a ajuda de uma mão amiga