29.9.08

What am I living for


Dias há em que nem mesmo meus bemóis se sustentam

24.9.08

Não dá mais para viver sozinho



Sempre me encontra quando estou soterrado
Ampara-me com corpo e palavras
Cura minhas feridas
Limpa o sangue que me escorre da boca
Me beija sem nojo
Expulsa a dor e me acalma
Consegue o silêncio
Me mantém vivo até o próximo golpe

Ainda não foi desta vez (X)


A única coisa que estraga
É que ela fingiu e eu percebi

23.9.08

19.9.08

Everything's all right


Não durmo tranquilo
Enquanto não passo em revista
Toda a sua topografia

17.9.08

Ainda não foi desta vez (IX)


A única coisa que estraga
É que as tardes tem sido muito corridas

Palavra escrita


Está condenada a viver
Sob o risco de morte iminente
Senhores
Precisamos fazer algo
Bisturi por favor

Escala maior


Eu juro
Serás minha eterna Violoncelista

16.9.08

Ainda não foi desta vez (VII)


A única coisa que estraga
É que ela não ousa me julgar

Ainda não foi desta vez (VIII)


A única coisa que estraga
É que seus pés são irremediavelmente gelados

15.9.08

Ainda não foi desta vez (VI)


A única coisa que estraga
É que ela quer que fujamos juntos

Inerência à compulsão pelo consumo


Um sonho dourado habita o caixa
Tem olhar penetrante mas a ninguém vê
Mantém-se recôndita
Compenetra-se no trabalho como quem medita
O diabo é que o mês mal acabou
E os bolsos já estão vazios
Um enigma se coloca
Como alimentar a alma antes do próximo contracheque?

O que mais me espanta é que não há arrependimento (IV)


Bastaria um buquê de rosas vermelhas

Ainda não foi desta vez (V)


A única coisa que estraga
É que quando nela me acomodo
Não reconheço os caminhos

Eclipse


Por instantes um pano encardido atraiu sua atenção
Aquela imagem até que não lhe era de todo estranha
Deixou a crise das hipotecas e a viu
Deixou de pensar que hoje não teria o que comer e o viu
Na esquina apenas o farol
- Se continuar assim minhas perdas serão ainda maiores
- Se continuar assim hoje não saio daqui

O que mais me espanta é que não há arrependimento (III)


Bastaria fechar bem a torneira
E apagar a luz ao sair

O que mais me espanta é que não há arrependimento (II)


Bastaria abaixar a tampa
E aceitar urinar sentado

O que mais me espanta é que não há arrependimento (I)


Bastaria deixar na porta os sapatos
E entrar em casa com as pantufas
Que ela mesma fazia questão de manter
Impecavelmente limpas

Mesa redonda


No amor
Fui expulso de campo por atitude antidesportiva
E também não foi possível esconder o dopping

12.9.08

Questão de foco


Quando em lua de mel
Sob a ponte do Rialto
Ela viu fezes flutuando
Ao lado da gôndola

Ainda não foi desta vez (IV)


A única coisa que estraga
É que preciso jantar duas vezes

Celacanto & Estegossauro


Seus mundos eram tão distintos
Que nem o mais nobre dos sentimentos
Foi capaz de mantê-los juntos

Sarchosuchus & Megatherium


Insistiram a não mais poder em sua história de amor
Contudo
Ele não mais existia
O resultado
É que hoje
Nem mesmo se conversam

Tiranossauro & Apatossauro


Ele sempre irascível e dominador
Ela um doce de pessoa
Ele a oprimia sem compaixão
Ela sempre resignada
Obrigava-a a fazer coisas que a feriam em seu íntimo e convicções
Um dia porém não aguentou mais
Pôs veneno em sua comida
Pagou uma longa pena
Mas ainda amarga um profundo vazio
Tenta superar seus traumas debruçando-se sobre o trabalho

11.9.08

Triceratops & Velocirraptor


Não ia dar certo
Isso todos já sabiam
Só eles não perceberam
Estavam loucamente apaixonados
Cegos em fusão
Foi só uma questão de tempo
E o inexorável se impôs
Sangue e lágrimas
Cicatrizes e mágoas
Não houve tempo para mais nada

Opção pelo silêncio


A palavra sempre trai
E o abismo que já é grande
Pode se tornar intransponivel

Sentimentos mecânicos


Meu relógio
Vinga-se de mim
Só porque
Uma única vez
Emprestei-o a ela
Por isso agora
Sistematicamente
Atrasa

10.9.08

Ainda não foi desta vez (III)


A única coisa que estraga
É que quando ela me abocanha
Morde
E parece querer engolir

5.9.08

Ainda não foi desta vez (II)


A única coisa que estraga
É que ela realmente me ama

1.9.08

Palavra em movimento


Escrita
Nunca terminada
Sempre viva
Ciclotímica

O triunfo da razão


Nem tudo que atinge marca ou se insere
Ainda assim há coisas demais em nós
Excessos a serem expurgados

Connection


Minha natureza
Só deixa o seu paraíso
Após esvair-se
Em lágrimas
E prazer