22.1.16
Mulher demais na vida de um homem
Pode até iludir
Fazer o ego inflar
Mas é efêmera demais a calmaria neste mar
No início tudo é divertido
Aceita comer e comer
Nem pensa em recusar
Emoções aos borbotões
Sabores até então desconhecidos
Espumantes finos e muito o que comemorar
Iguarias das mais raras
Vinhos de todas as terras e castas
Começa então a engordar
E seguem-se os almoços a não mais caber
(- Parece até que não gostou do que eu preparei!)
Jantar sobre jantar
Dias de trabalho, madrugadas em claro
Corre pra cá, equipamentos a pleno vapor
Corre pra lá, algorítimos funcionando sem parar
Tem que comparecer
Gerar encantamento
Dar um jeito de sempre inovar
Mas como em tudo que é exagero
Com o tempo a graça vai se perdendo
E o entusiasmo começa a faltar
Vai ficando disperso e enigmático
Com o discurso fragmentado e errático
E pelas evidentes trapalhadas agora precisa se desculpar
Dorme em qualquer canto
Olhos fixados no infinito sem nada enxergar
E no fundo das órbitas querendo se alojar
A pele amarela e descora
O humor sofre reveses a qualquer hora
E incidentes mínimos o fazem reclamar
Em desespero vê que o castelo de cartas
Que antes só lhe dava orgulho
Não consegue mais se sustentar
É quando resolve abrir o jogo
Pedir socorro por não saber o que fazer
E não mais aguentar
Aí corre o risco de ter seus argumentos rejeitados
Seu arrependimento desacreditado
Acabar sozinho sem ter em quem se aninhar
E até de morrer de fome
Olhando para uma mesa farta
Mas proibido de tocar
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