8.12.15

Infortúnios repetitivos



Desprezam gritos de agonia
Triam gemidos tolos
Que reverberam com tenacidade inútil
No interior de carcaças vazias

Lágrimas ressequidas desconectadas da memória
Derramadas de olhos
Que com as próprias unhas
Foram arrancados das órbitas

Sugerem salinidades supostamente saudosas
Ávidas por algum sentido
Mosaicos fantasiosos desenhados
Na pele marmórea, impermeável e fria

Que só podem ser percebidos na lambida
Ferindo o tegumento enrijecido
Com as papilas calcinadas
De uma língua feito lixa

Sentimentalidades falecidas
Erupcionandas do oco pescoço
De corpos decapitados
Espectros assustados à deriva

Seres que e outrora se reconheciam sapiens
Hoje mentecaptos claudicam errantes
Sem nada que os controle, oriente
Prenda entre si ou à vida

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