22.12.15

Comment expliquer le fait



De seulement augmenter à moi votre présence
Si tous que vous avez à me proposer
Il est de votre infinie absence?

A lua dos amores feridos



É só uma
Basta procurar no céu
Para poder constatar

Mas tem uma luz
Que quase cega
E dói no peito (de um jeito)
Que até lágrimas de sangue
É capaz de fazer brotar

Não dá nem pra imaginar
O que devem sentir
Os amantes de Júpiter
Embarcados neste sentimento
Que com a luz de suas 67 luas
Ao mesmo tempo
Precisam lidar

A coisa fica batendo na cabeça



Ditando ordem
Me enchedo por dentro
Ao ponto de extravazar
De tanto forçar a saida

Verso por verso
Palavra por palavra
Sílaba por sílaba
Exprimida

Escapando
Até quase soletrar
Por poros mínimos
Espremida

Depois que nasce
Continua a briga
Arranjos que se rebelam
Convulsiva sopa de letrinhas

Métrica
Melodia
Fluência
Rima

Sentido
Que às vezes se desvia
Do que apareceu no início
Antes da lida

Até que finalizado
Parece mais um filho bastardo
Ou no máximo como aquele parente distante
Que há tempos não participa de sua vida

Chegará o dia



Enfim
Em que só existirei pra ti

Se te lembrares
De mim

21.12.15

Um dia vou querer visitar



O lugar que existe dentro de mim
Onde ficam guardadas todas as coisas
Que jamais conseguiram existir
Sonhos não concretizados
Planos só rascunhados
Projetos inacabados
Descartes de escolhas inexoráveis
Ex-futuras saudades

Talvez neste recanto
De de não existências
E quase fatos
Encontre mais substância
Que no mundo real
Repleto de realizações vazias
Cuja maior serventia
É satisfazer aparências e fantasias

18.12.15

Does not have the pretension to think



That you understand
Everything that exists
Inside the head of the other

And so to judge
That their suffering
It is the biggest in the world

Não te desesperes



Acreditando que é definitiva
A tua impossibilidade de sorrir e beijar

Sei bem como foram brutais
As podas que sofreste

Mas não há como desaprender
As artes de ser feliz e amar

É certo que logo te sentirás capaz
A resiliência de devolverá a paz

É o tempo que vai te salvar
E este é um alguém a quem não se pode apressar

Será preciso que te brotem novas ramas
Que sejas tutoradas por quem possas confiar

Que teus galhos se fortaleçam
E te elevem de novo no ar

Que sejam tratadas como dádivas
As novas flores a desabrochar

E que teu perfume te vista
Se espalhe no teu entorno e volte a inebriar

Aí sim, teu sorriso voltará a reinar largo e esplendoroso
E a boca que quiseres elencar

Com todo o prazer que mereces
Poderás visitar

17.12.15

Ce qui importe de savoir



Où je marche
Quando tu n'es pas

Je contourne
Aucun endroit où aller

Recherchant
D'autres aspects de moi

Sans avoir
Le temps d'arriver

La chose importante est de réparer
Que chaque fois que tu retourne

Je suis ici
L'attente pour toi

Sol a pino



Pisarei em minha sombra inteira
E a quero assim mínima
Dominada e presa
Sem oferecer resistência

Será mantida sob vigilância contínua
Submissa e calada
Sairá daqui arrastada
Para que não se desprenda

E por todo o tempo que me restar de vida
Serei um caramujo errante
Levando comigo toda a existência
Em busca de paz na consciência

Não ficarão registros na memória ou vestígios
Que possam alimentar mágoas e desavenças
Carregarei até o tempo comigo
Começando agora mesmo por este meio-dia de quinta-feira

15.12.15

Amor



Hoje eu não volto pra casa
Vou tirar do meu caminho
O nosso lugar

Terá que ser assim
Não me espere pra dormir
E nem mesmo pro jantar

Preciso pensar sobre tudo que fiz
Entender os motivos de ainda estar aqui
E se há o que fazer para melhorar

Terá que ser assim
É uma empreitada que não admite ninguém
Junto a mim pra ajudar

Querida

Se o tempo passar
E me fugir da memória
A forma de voltar

Terá sido melhor assim
E mesmo que demore pra acontecer
Não desistirei de procurar

Precisei atender a voz de dentro
Que me faz movimentar
Cada um tem mesmo que sozinho se achar

Terá sido melhor assim
Pois não ví outra forma deste teu amor honrar
Sem conseguir verdadeiramente me renovar

14.12.15

The serving us discuss?



Know who is right or wrong
If we are in the same boat
Many miles far away from any port
And I just saw on the hull
A hole

Amor



Cê (tem certeza que) ainda me ama?
A barriga cresce
A perna afina
E a pele tem mais rugas que um prato de dobradinha

Benzinho

Cê ainda aguenta este ranzinza?
Praguejando de ombros curvados
O humor trancado no passado
E com mais e mais espaço pra teimosia

Querida

Cê acha que ainda vale a pena?
O cabelo ralo e grisalho
A tosse, o pigarro (lembranças do meu tempo de tabaco)
E o ronco só aumentando a cada dia

Fofinha

Cê ainda se orgulha deste poli queixoso?
Na boca uns poucos dentes que já não mastigam
Dor no lombo a cada passo
Fôlego curto à menor estripulia

Deusa minha

Cê comigo ainda não se irrita?
A memória falha
A vista que não lê mais seus recados
O futebol no rádio que (em pleno domingo) invade a cozinha

Razão que me inspira

Cê acha normal ainda não conseguirmos desgrudar
Mesmo estando juntos há tantas décadas
Estar sem decidir até hoje se devemos ou não casar
E não aceitar empreitas sem a sua parceria?

Luz dos meus dias

Cê acredita se eu disser que meus olhos ainda te enxergam
Como a minha menina?
E sei que é você quem por último verei
Quando de vez for deixado pela vida

11.12.15

Nous sommes tous égaux



Quand nous sentons la douleur
Nous sommes tous pareils
Quand nous éprouvons la souffrance
Démocratique condition
De importe quel humain

Palavras vazias



Quase nada significam
Mesmo se pronuncidas com cuidado
Não há como fazê-las alcançar o que é preciso falar

Palavras inúteis

Sem serventia para quem as enquadra num método
Ou simplesmente exercite o bom humor
Ousando com elas brincar

Desperdício de palavras

Em tempos de crise
Para economizar energia
É melhor calar

10.12.15

Today I just need



A word of tenderness
To be able to
Die in peace

Estiolada criatura



Menosprezaste os efeitos
Da escuridão e das sombras

E sem controle
Cresceste em demasia

Desprezaste tuas fragilidades
Não criaste estrutura

E hoje (sem apoios)
Exposta à incandescência do dia

Quando ousas um pouco mais
Não consegues disfarçar a dor

E te sentindo traída
Fraturas

9.12.15

Dans ma place



Le cycle de l'eau
Sont des larmes

Elles sont ce qui détermine
Qui va survivre

Et si il ne pleut pas
Planter il sera inutile

No meu refúgio eu não mando nada



Eu sou só mais um
A luz autoritária
É quem regula todo este mundo

Dia é dia, noite é noite
Isso não se negocia
São os bichos que me ensinam a não duvidar

Lá o breu é tão profundo
Faz o corpo ceder ao peso do escuro
E se impõe até me fazer aceitar

E quando amanhece
O clarão numa pressa desenfreada
Inunda cada canto da casa

Me expulsa da cama
E sem ter como desobedecer
Só me resta levantar

Agradecendo por não ter como interferir
E deste autêntico modo de viver
De alguma forma ainda poder participar

8.12.15

Infortúnios repetitivos



Desprezam gritos de agonia
Triam gemidos tolos
Que reverberam com tenacidade inútil
No interior de carcaças vazias

Lágrimas ressequidas desconectadas da memória
Derramadas de olhos
Que com as próprias unhas
Foram arrancados das órbitas

Sugerem salinidades supostamente saudosas
Ávidas por algum sentido
Mosaicos fantasiosos desenhados
Na pele marmórea, impermeável e fria

Que só podem ser percebidos na lambida
Ferindo o tegumento enrijecido
Com as papilas calcinadas
De uma língua feito lixa

Sentimentalidades falecidas
Erupcionandas do oco pescoço
De corpos decapitados
Espectros assustados à deriva

Seres que e outrora se reconheciam sapiens
Hoje mentecaptos claudicam errantes
Sem nada que os controle, oriente
Prenda entre si ou à vida

7.12.15

E eu que tantas vezes



Te acomodei em meus ombros
E me vi pássaro em voo distante

Nunca os senti tão pesados
Como agora inúteis desocupados

Curvaram-se com o peso
Do ócio e do tempo

Deixaram escapar o ânimo
Que os mantinha inflados

Quem sabe voltam a se aprumar
Se forem novamente recrutados?

3.12.15

Not sadden me more



Please
Do not go crazy me

How to accept the fact
We have came to the end

If not even a goodbye
You allow to happen?

É muito tarde, Querida



Fica!
Preciso da tua presença
Fica!

A rua está escura a esta hora
O frio e a chuva castigam lá fora
E há muito perigo na travessia

Se dobrares a esquina
Sei que não voltarás
Nem olharás para trás

E dada a minha frágil condição física
Não me iludo
Jamais conseguiria (de novo) te alcançar

2.12.15

Si les choses tout je dois dire



Non appel à vous
Ne pas vous dire à propos de

Comment puis-je soulager la tête
Cette montagne des pensées?

Preciso de uma pausa



Para o meu coração
Barco sem velas
Porões abarrotados
Transbordando de paixão

Enfrenta como pode
Correntes e tempestades
Um timão que gira incontrolável
Apenas reage

Não consegue parar
Mas em algum momento
Mesmo que as águas não se acalmem
Precisará descansar

Ou esgotado
Acabará submergindo
Longe de tudo e sozinho
Atendendo aos chamamentos do mar

1.12.15

Psicopática criatura



Saíste vitorioso
Na maioria de tuas conquistas

Seduziste com eficácia
Capturando e destruindo cada uma de tuas vítimas

Pura crueldade
Pois de quase nenhuma precisavas ou mesmo querias

Te lançaste nestas investidas bárbaras
Alimentando teus motores da vaidade com adrenalina

Para depois numa atitude doentia
De uma mente egocêntrica e obsessiva

Simplesmente as desprezar
E destratar sem lhes dar valia

Sem te molhares com suas lágrimas
Te divertindo seus gritos de agonia

Uma expressão de nojo no rosto
Utilizando ferramentas de exorcista

Até que a abstinência te faça contorcer as tripas
Novamente escancare a tua alma vazia

E para desatolares do mar de cadáveres que produziste
Numa estratégia defensiva

Te obrigas a empreender sempre uma outra cruzada
Galopando ensandecido nas tuas mirabolantes fantasias