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(para Augusto dos Anjos)
Sonhei que estava morto
Mas ainda tinha pulso
Observava com surpresa
O chorume viscoso e preto
Que de meus poros brotava
A pele friável
Ao mais leve toque
Se desmanchava em pegajosas lamelas
Que se acumulavam ao meu lado
Numa pilha disforme
Descobrindo meus ossinhos magros
Acordei tranquilo
Feliz até
Por entender a nossa exata função
Aceitando naturalmente
O esfarelamento e a podridão
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