18.11.15

Seria tão prático



Tão mais sensato
Se este amor espevitado
Dominasse seus impulsos
E aceitasse uma condição tranquila
Permanecendo como água líquida

Incontrolável em embrenhar-se pelas frestas
Sábio em ocupar espaços
Hábil em sanar a sede
E ser bem sucedido
Mesmo nas jornadas mais insípidas

Mas não resistiu às vontades
Não ouviu os conselhos de quem tinha idade
E ebuliu com tanta euforia
Que no auge da taquicardia
Evaporou

Pôs-se a flutuar por toda cercania
Mas com entusiasmo em demasia
Não resistiu à primeira frente fria
E numa desesperada chuva de lágrimas
Precipitou

Mas neste seu retorno ao estado liquefeito
Vulnerável e em nítido desespero
Expôs-se demais à baixa temperatura
Foi se ensimesmando
E catatonizou

Agora é só um bloco opacificado
Com o olhar esvaziado
Que não soube lidar
Com o que tinha conquistado
Simplesmente congelou

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