1.9.15

Vou me permitir o benefício da dúvida



Tentando acreditar que a carta
Que tantos argumentos precisou listar
Até me convencer a ser enviada
Ficou esquecida num fundo de gaveta
Errou de endereço
Ou acabou perdida
Em algum atalho mal avaliado

Tentarei achar um culpado
Talvez o carteiro
O mau tempo
Um vizinho mal intencionado
Só não acredito que sem uma resposta
Mesmo que sumária
Teria me deixado

Pois o Não
Desenhado pelo silêncio
Ou até mesmo pelo desprezo
É cruel
Falta com o respeito
E é capaz de manter o ser como escravo
Permanentemente acorrentado

Põe toda uma história na lata do lixo
É míope não conseguindo compreender
Que vivências são tatuagens
Recebidas independentes da vontade
E mesmo que deformem ou fiquem desbotadas
Jamais se apagam completamente
Ainda que o sentimento já nos tenha abandonado

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