13.5.15

O tempo já nos deu a sentença



Estamos todos condenados
Desde que nascemos nossos dias estão contados

As contas podem não ser lá muito precisas
Mas é certo que cada dia é menos um dia

E todos de alguma forma sabem
Que não há espaço para bagagem

Quando a luz se apaga
E neste mundo precisarmos abrir vaga

Mas nem mesmo isso serve de argumento
Para nos diminuir a soberba e clarear o pensamento

Para convencer a nós mesmos
De que não devemos desperdiçar mais nenhum momento

Do muito que já nos escapou por entre os dedos
E do pouco que ainda temos

De que é preciso abdicar da ignorância
Arranjar as coisas na exata ordem de sua importância

E nos debruçarmos prioritariamente sobre os fatos
Que fazem valer a nossa condição humana

De trabalharmos duro e seriamente
Pois disso depende a vida no planeta e dos nossos descendentes

Mas sei como é difícil tirar a bunda do assento
Rompermos com nosso encastelamento

Admitirmos que nossa visão míope
Não vai muito além de nós mesmos

Talvez seja este nosso principal defeito
A valorização excessiva do único umbigo que temos

A ilusão de sermos uma entidade superior e auto-suficiente
E o descompromisso com o meio

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