6.5.15

Achei melhor parar de contar o tempo



Segundos e minutos de nada valem
Me induzem ao erro e ao imperfeito
A insuportável urgência da modernidade
Pretensão dos jovens e da tecnologia

As horas não mais me importam
Eu as vejo inexoravelmente perdidas
Seguindo vazias pelo ralo
Como água da bica

Dias são só uma infantil referência
Que me alivia da angústia
Vestindo uma fantasia
E fazendo a vida me parecer menos finita

Meses são roseiras plantadas à beira da estrada
Fecham a trilha e ficam com um pouco do meu sangue
A cada tentativa em mudar de rumo
Cada ousadia

Os anos se acumulam em pilhas
Incutem transformações mais lentas
Me mostram a exata dimensão de minha impotência
Insistem em me importunar com prazos estourados, promessas não cumpridas

As décadas, essas sim me convencem de que há um fim de linha
Me fazem inventariar o passado
Alguns projetos concluídos, outros arquivados para não causar mágoas ou alterar desígnios
Pura malandragem ou sabedoria
Conquistas suficientes para aquietar o espírito, perdas progressivas

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