27.5.15

Carnal criatura



A indecência telúrica do teu sussurro
O aroma frutado do teu hálito
As voltaicas faíscas nas tuas orelhas
O aliciante sal no teu pescoço
O úmido chicoteado dos teus cabelos
O doce néctar da tua saliva
O turbilhão quente de tuas narinas

A altivez orgulhosa de tuas escápulas
O irrecusável chamamento dos teus braços
O abrigo perfumado de tuas mamas
Mamilos lenhosos que me marcam o peito
A maliciosa maciez da tua barriga
A determinação pinçante de tuas coxas
A genialidade libidinosa da tua bunda
A arquitetura refinada de tuas ancas
A acidez enebriante da tua virilha
O convite imperioso da tua vagina

A experiente ligeireza de tuas mãos
A desavergonhada gula com que me olhas
A luxuriosa sabedoria da tua boca
A sutil ameaça dos teus dentes
A esperteza lasciva de tua língua

Visitas retribuídas
Buscas sem pedagogias
Encontro de recantos quentes
Frestas muradas
Crípitas labirínticas
Lábios sobre lábios
Orifícios dos mais delicados
Jóias cuidadosamente escondidas

Curiosamente
A tudo exploramos
Lambemos
Cheiramos
Circundamos
Chupamos
Mordemos
Acarinhamos
Entendemos
Catalogamos
E sem embaraços
Penetramos

Fosfenas
Silvos
Espasmos
Gemidos
Gritos
Lágrimas de prazer
Murmúrios
Risos

O gênesis renovado
Cataclismas apocalípiticos
Múltiplos ângulos
Misturados
Redesenhados
Nascendo e morrendo juntos
A cada novo ciclo

Possuidos
Esgotados
Esparramados
Abusados
Lambusados
Devassados
Amalgamados
Preservados
Protegidos

Para sossegarmos os instintos
Para que nos sintamos cada dia mais vivos
Para que viver tenha de fato valido
Para estreitarmos ainda mais nossos vínculos
Para sempre nos lembrarmos
Para jamais sermos esquecidos

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