13.3.13

Leia-me meu bem



Preciso que leias
Os textos que trago no corpo
E os que no teu corpo escrevo também

Leia-me devagar
De trás para frente
De frente para trás

De baixo para cima
De cima para baixo
Cruzado

Leia-me lentamente
Rápido
Ou indo e voltando simplemente

A plenos pulmões gritando
Pensando em silêncio
Ou ao pé do ouvido sussurrando

Me empurrando pro lado
Me puxando de volta
Ao mesmo tempo querendo e rejeitando

Leia-me meu bem
Com o ardor de quem honra quem escreve
Pois sabe que é obra do amor

Amor que não se cala com silenciar da boca
Com o aquietar dos quadris
Mantendo-se às vísceras atado

Que não se esgota ao secar da pele
Mantendo o abraço
Mesmo com o baixar da febre

Memorize cada palavra
Cada gozo em urros declamado
Versos escritos com ferro em brasa

Leia-me e não deixe que este precioso alfarrábio
Desabe no abismo do esquecimento
E se perca neste infinito vácuo

Nenhum comentário: