22.1.10

A gaveta do criado-mudo


Não comporta nem mais um papel de bala

Deitada de lado
Rosto colado na parede
A menina sabe
Que da mãe só lhe virá o parceiro

Surge na madrugada
Denunciado pelo azedume
Se acola suado àquele corpinho frio
E com os direitos que julga ter conquistado
Lhe sussurra sempre o mesmo ditado:
- Tome aqui esta prenda. Não há com o que se preocupar, se continuar assim boazinha, sempre terá onde morar.

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