30.10.15

Le moyen le plus facile



Pour garder une amitié
Vous ne connaissez pas l'ami en profondeur
Et la réciproque être aussi vrai

Nos domínios da carne



Me interessam sobretudo

Tuas delicadas fendas
Teus convidativos orifícios

Teus ângulos inusitados
Tua reptiliana agilidade

Teus viscosos humores
Teus confortáveis interiores

Teu abraço (quase) destrutivo
Tua confiante receptividade

Teu empenho em esgotar-me a libido
Teu abençoado canibalismo

Teus muitos delírios
Tua vitoriosa saciedade

29.10.15

Let's try to talk



It may be better to silence
To remain only
Without masks
Guilt or charity
One looking at each other
Really

Não queiras



Me transformar
Naquilo que não sou
Jamais serei o que és
Ou o que queres que eu seja

És o que és
Sou o que sou
Nunca seremos iguais
Ao sentarmos à mesa

E é melhor que fiquemos assim
Sem nunca saber com antecedência
De quem será a próxima cabeça
Servida na bandeja

28.10.15

La nature est courbes faites



Ne existe pas la ligne
Il est une réduction mathématique

Équation imaginaire
Pour faire simple

Les plus grandes complexités
Même ceux qui sont invisibles

E se a consagração da boca



Está na arte de beijar
Com tantas formas e algum jeito
É possível compartilhar
Epifania
Desejo
E gozo
Ainda que no jogo
Haja apenas uma boca
Mas se tenha do outro
O corpo todo
Para poder amar

27.10.15

The blood in my veins



Still circulates arterialized
Fluid vitalized who doesn't find site
Needy of oxygen to do his job

Oh, useless bomb
Disconnect from the automatic!

For what so much power injection
Visits to the lung
Distribution network?

If there's no empty the red cells
And who wants to be fed by me

Amador



Nasceu com uma doença rara
Não sentia dor
Cresceu cercado de cuidados
Sem saber como evitar
Os frequentes incidentes e percalços
Que lhe causavam ferimentos e infecções

Muito cedo saiu de casa
Em busca de emoções
Desconhecia o medo
O por isso sempre se arriscava
De modo inconsequente
Nas mais perigosas situações

Como se não bastasse
Já longe da familia
Ainda descobriu que não tinha sentimentos
Em seu repertório interior
Não existiam amor, saudade, raiva, felicidade
Na realidade era um ser oco por dentro

As múltiplas amputações que lhe aconteciam
Não lhe causavam vergonha ou constrangimento
Expunha-se sem se incomodar
Às vistas de toda a comunidade
Provocando-lhes repulsa
Diante de tanta atrocidade

Já não tinha dedos
Orelha era apenas uma
Alguns membros nem mesmo lhe estavam inteiros
Mas ainda assim com uma certa facilidade
Conseguia arrastar-se pelos passeios
Não via nisso nenhuma anormalidade

Como uma aberração encurtada
Propôs a si mesmo um desafio
Iria desmanchar-se até o limite do auto reconhecimento
E ao atingí-lo voluntariamente ultrapassaria a linha
Busacndo acesso ao que existisse
Do outro lado do que é conhecido

Aumentou sua exposição às adversidades
E as amputações continuaram acontecendo
Já não tinha mais as pernas
E dos braços apenas um pequeno toco havia
Mas apesar de radicalizar
Ainda sabia quem era e se percebia

Aí então resolveu lançar-se
Numa empreitada definitiva que incluia a autofagia
Passou a morder e comer a própria lingua
Fez isso também com lábios e bochechas
Espetou os olhos numa chave de fenda
E massacrou o crânio embaixo de uma britadeira

A última vez que foi visto
Resumia-se a uma esfiapada bola de carne
Rolando morro abaixo numa das ruas do bairro
Mas mesmo assim foi reconhecido
E pelo que consta nos ultimos registros
Ainda não se sabe se já conseguiu alcançar seu objetivo

26.10.15

La fin d'un long adieu



Ferme un cycle de la douleur
Que chaque amant expériences
Et il n'y a personne dans le monde
Capable d'éviter cette perte de sang

Esperavam que tua queda



Se daria pelas próprias pernas
Quando estavas por um triz
E isto não aconteceu

Então veio o machado
Botou-te árvore abaixo
Mas se esqueceu
De desentocar-te a raiz

E resultado
É que em pouco tempo
Ressurgiste renovado
E ainda mais forte e feliz

23.10.15

When you flee



Don't abandon the fight
When you're silent
Are saying something to life

Nas dores da carne



As lágrimas
São vermelhas

Nas do amor
Negras

Passado o furor
Retomam seu incolor

22.10.15

Je ne peux pas vous voir



Car mes yeux
Quand ils trouvent votre
Ils collent et ne peuvent pas se détacher

Partout où vous allez
Faites glisser mon regard
Moi de ne pas donner l'option
Aucune chance de battre en retraite

Assim sendo



Sentencia o meritíssimo
À luz da jurisprudência
Nesta última instância
Em caráter irrevogável
E urgente

Que o amor em questão
Fica declarado
Mal resolvido no passado
Assim como no presente

E para que não se corra o risco
De deixar de ser visto como um presente
Pelos envolvidos no caso
São os partícipes considerados inocentes
E o processo arquivado em definitivo
Imediatamente

21.10.15

The love



In reality
There's no way bring happiness
If it's tied in the impossibility

Recolher os retratos



Vender o sofá
Mudar os móveis de lugar
Não apagarão as lembranças
De tudo que vivemos
Na sala de estar

20.10.15

Comment vous oublier



Si les musique que je entends
Sont toujours des chansons d'amour
Et tout le temps
Uniquement le point pour vous?

Mas afinal



De onde vêm as palavras?
Vêm da apropriação
De tudo que vejo
Dos meus erros e acertos
Do mundo inteiro
Da vida

Da voz que me acorda
Às 3 da manhã e dita
Me obrigando a registrar
Com garranchos
E a cabeça confusa
O que afirma ser a obra prima

Gema preciosa e rara
Que às 7
Se revela ainda bruta
E à luz da razão
Já não aparenta mais
Ser tão perfeita e atrativa

Precisa ser lapidada e polida
Ganhar forma e brilho
Despertar algum encantamento
Sem esquecer que são só de palavras fluidas
E por isso não ter a ilusão
De que um dia será sólida e definitiva

19.10.15

Today



I do not want
To love me more

I just want
To let me go forward

Meu pedaço de paraíso



Fica ao pé de um morro
Num dos lados do arco-iris
Onde se pode viver a verdade
Sem que um pote de ouro
Seja condição para a felicidade

16.10.15

Je ne peux pas trouver



Fait que me donner la vie
Et d'occuper mes nuits
Maintenant aussi vide

A chama



Que nos ruborizava a face
Dominava pensamentos
E nos fez ferver
Por tanto tempo

Hoje mal consegue
Amornar sentimentos

Reduziu tudo o que vivemos
A imprecisas lembranças
Misturadas com fantasias bobas
Ou até menos

15.10.15

I deeply regret



Your mouth empty
And my needy

Existe um lugar



Em que as misérias humanas
Se encontram
E reciprocamente
Conseguem se alimentar

Um lugar de passagem e de ficar
Onde quem está
Quase nunca consegue sair
E quem ouviu falar
Sem entender bem por que
Diz querer conhecer

Mas poucos sabem realmente
O que lá podem encontrar
Dizem que quando se entra
A porta é fechada
E o incauto
Num imenso labirinto se vê metido
Onde só é possível seguir em frente
Sem a opção de recuar

E na media que se embrenha
Por corredores estreitos
Atalhos sobrios
Bifurcações
Desvios
Inusitadas situações
Se impõe pelo caminho

Espinhos
Cacos de vidro
Sustos
Chingamentos
Provocações
Ferimentos

Relâmpagos
Raios
Terremotos
Serpentes
Escorpiões
Vermes gosmentos

Impensáveis abominações
Lagos ferventes
Vapores pútridos
Gritos de pavor
Corpos derretendo
Gemidos
Lamentos
Choros de desespero
Horripilâncias muitas
Inferno de indescritíveis sofrimentos

E quando se está esgotado
Irreversivelmente derrotado
Por aquele meio infecto
Sem forças para gritar ou reagir
Uma saída se apresenta
Como que por encantamento

E mesmo com a luz convidando à liberdade
O sujeito já tão acostumado com a dor
E a previsibilidade da perversidade
Passa a termer o retorno ao mundo imperfeito
Acha mais fácil aceitar
O que julga ser seu destino
Enterrando-se de vez
Na coerência do texto de uma tragédia
Que tem enredo e final conhecidos

14.10.15

Difficile



Voilà quand les larmes finissent
Et il ya beaucoup à pleure

Na construção



De meus poemas
A caneta
Insiste
Persiste
Teima
Em compor apenas
Versos tristes
E dilemas

13.10.15

No need to wait


That all the lights go out
So you can cry

Unhas roídas



Pernas inquietas
Dentes rangendo
Dedos estalando

Não sei exatamente por que
Mas acho que este meu amor por você
Não está me fazendo muito bem

9.10.15

Nostalgie



Étoile filante
Sentier incandescent
Inscription dans la poitrine
Cicatrice évident

Vivendo morrendo



Morrendo de saudade
Morrendo de tédio

Morrendo de tesão
Morrendo de preocupação

Morrendo de desgosto
Morrendo de vergonha

Morrendo de sede
Morrendo de fome

Morrendo de frio
Morrendo de calor

Morrendo de dor
Morrendo de amor

Morrendo de medo de morrer
Morrendo de medo de viver

8.10.15

Even being so few



The dawns
I gave you

Has no day goes by
Not remember

And complain me
For losing you

Mesmo um amor moribundo



Ainda que trêmulo
Enquanto respira
É ferida cruenta
Não cicatriza

Ulcera
Cavita
Sangra
Transfixa

E quando infecta
Cultiva o ódio
Arde em febre
Choca em septicemia

Não vê mais o belo
Abomina
Pragueja até o fim
Sucumbe em caquexia

2.10.15

L'amour est une maladie



Collante et lâche
Et même si elle
Vous avez guérie
Il n'y a pas moyen
De sortir indemne
Certaines séquelles
Tôt ou tard
Va montrer son visage

Cheguei a duvidar



Se sem ti eu conseguiria ficar
O sofrimento chegou
Veio só cumprimentar

Alegou compromisso
Deu uma talagada na cachaça
Nem quis conversar

Despediu-se cambaleante
Içou as velas
E seguiu pelo mar

1.10.15

Dawn



Once again
I woke up from a dream
Where were you

Despite the despair for the loss
With feet tied
I drank some water
Kept the control
And not looked for you

De ti fui desistindo



Sem a percepção
Sem a intenção
Sem a compreensão

A cada ação
A cada lição
A cada frustração
A cada lamentação
A cada digreção
A cada distração
A cada alienação
A cada redução
A cada confusão
A cada ilusão
A cada desilusão
A cada não

Até o fim da adoração
Até o fim da paixão
Até o fim do tesão