27.5.14

Tudo está em outro ritmo



Tudo está claro
E esta ausência da noite
Acelera o consumo
Do pouco de humano
Que ainda guardo comigo

O desânimo
A falta de empenho
E o egoísmo no trato
Não me ajudam a atravessar o espelho
Para encontrar no país das maravilhas
Algo que se pareça
Com um reino encantado

O contato raso
Não alivia a carga de embaraços
De quem se sente um espantalho
Nariz de palhaço
Gasto
Usado todo dia
Atrás de uma mesa de trabalho

Ao lúmpen existencial
Só resta a mendicância passiva
Conformando-se com as sobras
Que lhe são colocadas à vista

Pois na sua idiotia constitucional
Vive tranquilo a fantasia
De que as coisas são como são
E de que tudo vai bem
Tudo está normal

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