11.12.09

No lago


Silencioso e limpo
Um traço
Em desespero
Risca o vidro

Corre pelos lados
Ricocheteia no escuro
Bate a cabeça no limite do espaço
Em que foi restrito

Arranha o fundo
Gasta unhas e presas
Até que exausto
Se dá por vencido

Inconformado urra e suspira
Move-se por puro hábito
Instinto selvagem
Num aquário contido

Um comentário:

Rui Gassen - Properes fires disse...

Bom retorno!
Assim somos nós também, assombrados pelos limites de nossos compromissos externos e alguns auto-impostos. Lembro-me de um episódio de minha infância rural. Para limitar a área de pastagem do gado colocavam-se um cercado com um singelo fio liso eletrificado. Bastava encostar duas ou tres vezes no fio e os bovinos de quase uma tonelada aprendiam seus limites. A eletrificação era desligada e eles,por hábito e desesperança continuavam respeitando os limites inexistentes.
Também me lembro de uma cena de um urso enlouquecido em uma jaula do Zoológico. Ele passava horas caminhando ao longo da quadratura de sua jaula. Sempre que chegava em um dos cantos ele girava a cabeça três vezes. Um mantra do desespero criado pela maldade humana.