13.10.09
Quando mergulho fundo em minhas memórias
De águas nem sempre tão profundas
Vasculho
Revolvo o lodo
Até que o sedimento turve o mundo
Volto à superfície
Para retomar o fôlego
E repetir a prospecção
Quantas vezes me permitir o corpo
Vou juntando no barco tudo o que encontro
Uma caneta de pena dourada
Fotos mutiladas
Um sinete
Roupas que não reconheço
Um anel sem pedra
Baús velhos com cadeados enferrujados
E chaves há muito perdidas
Reconstruo o passado como quem monta um mosaico
Pequenos tijolos que restauram as paredes
Deste edifício frágil
Em frequente ameaça de desmoronamento
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O homem preparou-se para o mergulho,
pompa e circunstância,
preto e branco.
E tanto fôlego tomou,
tanta coragem,
esperava um oceano
profundo.
Preparou-se para um salto colossal,
E quando saltou,
a câmera mostra:
Metade do corpo imersa na água,
as pernas para fora,
mexendo, desordenadas, anárquicas,
querendo mergulhar.
A platéia ri,
o piano toca :
cinema mudo.
(outubro,2009)
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