30.10.09
Já voltei para casa quatro vezes
Torturado pela incerteza
De ter desligado
Ferro
Rádio
Lâmpada
E fogão
Agora é a porta que me prende
E enquanto conversamos
É somente ela que vejo em minha frente
29.10.09
A tristeza
28.10.09
Cansei
27.10.09
Um poema parido
26.10.09
Temo
23.10.09
Unus testis, nullus testis
22.10.09
Os cães
Podem urinar e defecar
Em hora e lugar
Previamente determinados
E gostam disso
Torna-lhes a vida mais fácil
Basta condicioná-los
Mas
É de suma importância
Sempre
Depois do serviço completado
Recompensá-los
Um biscoito por vez já é suficiente
Assim
Abanando alegremente seus rabinhos
Continuarão a urinar e defecar
De forma disciplinada
Conforme lhes foi ensinado
À espera da ração diária
21.10.09
Não há como não se emocionar
20.10.09
No laboratório
19.10.09
Te aceitarei de volta
16.10.09
No bar
(para Ana Cristina Cesar)
Me aproximei de ti
Com minha palavra pouca
E falta de jeito para fazer rir
Deixando escapar pensamentos:
- De que me serve ser (aqui) assim deste jeito?
É claro que nada entendeste
E assustada
Viraste para o outro lado corpo e razão
E eu
Me acabei ali parado
Com dois copos de bebida na mão
15.10.09
Um dia
14.10.09
Sou aquele
13.10.09
Quando mergulho fundo em minhas memórias
De águas nem sempre tão profundas
Vasculho
Revolvo o lodo
Até que o sedimento turve o mundo
Volto à superfície
Para retomar o fôlego
E repetir a prospecção
Quantas vezes me permitir o corpo
Vou juntando no barco tudo o que encontro
Uma caneta de pena dourada
Fotos mutiladas
Um sinete
Roupas que não reconheço
Um anel sem pedra
Baús velhos com cadeados enferrujados
E chaves há muito perdidas
Reconstruo o passado como quem monta um mosaico
Pequenos tijolos que restauram as paredes
Deste edifício frágil
Em frequente ameaça de desmoronamento
9.10.09
Sexta-feira
(para Veronika Paulics)
(A tarde se foi faz tempo)
Com o cabelo ainda molhado
Acende mais um cigarro
E se acomoda melhor na poltrona que olha para a rua
O vestido cavado
Permite que o perfume de cravo
Escape de seu peito e lhe fustigue as narinas
O que sente na espera
É tortura
Quase sangramento
Os cães do mundo inteiro uivam em desespero
Mesmo confinada a cadela vizinha
Satura o ar com um cio denso e imperativo
Jurou para si que não mais ficaria só
Daria guarida a qualquer um que a quisesse
Nem que fosse o guarda da esquina
(Aliás ele já apita anunciando o sábado)
Desliga o abatjour já com dia alto
E se recolhe para descansar um pouco
Logo irá à feira comprar qualquer coisa para o almoço
8.10.09
O vento
7.10.09
Questão de pele
6.10.09
Aritmética simples
5.10.09
Grifo
2.10.09
Nada vai mudar
1.10.09
Apenas para garantir
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