20.12.19
19.12.19
A porta está aberta
Sempre esteve
Desce até a rua
E decidida
Inicia a tua fuga
Vira sempre para o mesmo lado
As quatro primeiras esquinas
Que encontrares
Seja à direita ou à esquerda
Escolha ao acaso
E veja se assim consegues
Desaparecer de minha vida
Como profetizaste
18.12.19
Vou me retirar
Para que possa cicatrizar
A ferida deste amor
Que estava vivo
Quando decidiste partir
E o fizeste em segredo
Mesmo sem ter o direito
Me arrancaste do peito
Parte do coração
E fugiste sem te importares
Com o estrago que havias feito
O resultado
É que mesmo dilacerado
Ele continuou batendo
Sangrando esperança
E desejo
E agora, antes que fique sem forças
Preciso seguir vivendo
Andando por aí
A esmo procurando
Alguém que ajude no conserto
17.12.19
Tivemos nossas chances
Entre idas e vindas
Erros e acertos
Fizemos o que nos foi possível
Dento do que compreendemos
Aquilo que ficou pendente
Se perderá para sempre
Ou será retomado
Num outro contexto
Pois agora estamos velhos
E não há mais tempo
16.12.19
Por favor, nem ouça
Desconsidere
E apague
A mensagem de voz
Que deixei no teu Whats app
Foi inconsequência
Pura ansiedade
Vitória do desejo
Da necessidade
Os anseios da carne
Vencendo a razoabilidade
A saudade do teu abraço
Do teu beijo
Do teu gosto
Do teu cheiro
Um arroubo de loucura
Que desprezou as impossibilidades
Me enfraqueceu (de novo)
E acabei fazendo bobagem
13.12.19
Do alto da colina
Observo o traçado
Apressado
Que as nuvens
Passageiras dos ventos
Desenham
No solo das campinas
Composição volúvel
Efêmera e fugidia
Grafismo que não se detém
Em qualquer obstáculo
Que não se opõe ao seu destino
Pois conhece a sua sina
Caminha
Para o desaparecimento inexorável
É a representação mais precisa
Do que é a vida
12.12.19
Quanto mais tempo passa
Sem que consigamos nos ver
Aumentam as chances
De que nossas diferenças cresçam
Até o ponto em que
Se um dia nos cruzarmos
Numa esquina qualquer desta vida
Ainda que nossos ombros se esbarrem
Nos desculparemos respeitosamente
E indiferentes seguiremos em frente
Por não termos conseguido nos reconhecer
9.12.19
Quando alguém se apaixona
Ao andar parece flutuar
Incontinente
O olhar fica vago
Parece um tanto ausente
A pessoa
Suspira frequentemente
Sente tudo
Mais intensamente
Não é comum que demore
Para entender o incidente
Aquilo que invadiu sua vida
De forma avassaladora e contundente
Fazendo com que não se reconheça
Uma obnubilação permanente
Uma possessão desejada
Gozosa e transcendente
Que precisa ser degustada até a última gota
Dando vez ao coração e não à mente
Um feitiço que ninguém tem como saber
Por quanto tempo estará presente
6.12.19
Chega o dia
E ainda na cama
Percebo a tempestade
Que se arma dentro de mim
Trazendo uma promessa de chuva
De imprevisíveis proporções
Segue o dia
A rotina anestesia meus sentimentos
O vento cessa
E as nuvens que eram densas e negras
Esvaziam-se
E clareiam
Chega a noite
Ainda há muita melancolia
Mas de tudo que havia
Apenas um chuvisco
Tímido
Se atreve a descer as colinas do meu rosto
Segue a madrugada
E pela janela do quarto eu vejo
Com os olhos estalados
A luz do poste fazendo brilhar o sereno
Que cai leve, continuo e em silêncio
Parecendo flutuar num breu imenso
Assinar:
Postagens (Atom)