27.4.18
Nosso amor
Foi para mim
Uma verdade profunda
Um resgate
Um processo de cura
De inquestionável valia
Que fez renascer meus sentidos
Me devolvendo para a vida
Só lamento que pra você
Pelo que hoje posso entender
Esse amor não foi mais que uma aventura
Uma fantasia
Que com o tempo
Foi se tornando oca
E agora está completamente vazia
26.4.18
25.4.18
Não me atrevo a dormir
Por muito tempo
Para não correr o risco
De te esquecer
Deixando de sentir
Nas pontas dos dedos
Tudo o que tivemos
Hoje
O que mais preciso
É lembrar
E reconstruir
Os detalhes de nós dois
Em cada momento
Só assim
Não ficarei ainda mais só
Do que já estou
Poderei descansar
E conseguirei
Seguir vivendo
24.4.18
Uma cena
Que não me abandonará jamais
Como esquecer
Aquele último olhar?
Que na despedida
Já me dizia:
- Até nunca mais!
23.4.18
Tuas portas
Há tanto tempo fechadas
Já estão com os ferrolhos emperrados
Mas há um movimento lá dentro
E isso é inegável
Ele é crescente
Uma ebulição latente
E a estrutura não será capaz
De segurar tantos sentimentos aprisionados
São incontroláveis e sua força descomunal
A qualquer momento pode explodir os telhados
20.4.18
Para curarse de un amor fracasado
Sólo con un nuevo amor recién conquistado
Si no, en la soledad, el amante siempre se volverá
Para ese amor que quedó mal resuelto en el pasado
19.4.18
Só lamento o que não vivemos
A conclusão a que chego
É que você não me amou
Pois quem ama se entrega
E você não se entregou
Nunca declarou o seu amor
E só agora compreendo
Mas por outro lado
Se não se entregou
Apesar dos apelos
Mesmo havendo amor
Morreremos
Sem ter sido plenos
Não teremos feito jus ao humano que fomos
E regredidos voltaremos
Você no máximo como um anelídeo
E eu como um psitacídeo cantando no poleiro
18.4.18
Em algumas relações
A solidão é tanta
Que há o suficiente
Para encher muitas vezes
A taça de ambos
E ainda sobra pra depois
17.4.18
Não consigo entender
Por que bates
À porta do meu ser
Com tanta insistência
Sem falhar nenhum só dia
Se sempre que abro
Te recusas a entrar
Ainda que eu reforce
O quanto és bem-vinda
16.4.18
Toute histoire
Il devient en fait plus convaincant
Quand qui compte
Le mettre
Quelque chose de lui-même
Bien que subtilement
13.4.18
Sugiro que estejas preparada
E não adianta trancar todas as tuas portas
Pois quando decido amar
Dou um jeito de entrar
Mesmo sem ser convidado
Escalo os muros dos vizinhos
Ando pelos telhados
Desço por chaminés
Encontro janelas semicerradas
Sótãos com claraboias emperradas
Porões com respiros mal fechados
Meu amor não tem como ser barrado
Ele se insinua
Escorre pelos pisos
Se infiltra nas fissuras
E em pouco tempo
Teu território de dentro
Estará totalmente dominado
12.4.18
O lugar da poesia
Não é nos cadernos quase cheios
Nos livros amarelados
No verso das fotografias de outros tempos
Nos cartões postais de tantas idas e vindas
Nas folhas esquecidas nas gavetas
O lugar da poesia
É no sangue que ferve
Nas bocas que não se fecham
No suor que escorre na pele
Nos peitos arfantes
Nas orelhas atentas
O lugar da poesia
É na vida inteira
No que há de importante e na besteira
No interior das cabeças
No que o ser tem de nobreza
No que nos faz humanos e dá sentido à existência
11.4.18
Sentir saudade pra quê?
Só pra reacender o risco
De novamente eu me perder
Já sabendo que vou sofrer?
Saudade é uma forma de ter
Mas também pode ser
A confirmação do perder
Lamento lhe dizer
Mas depois de muito pensar
Concluí que fico melhor se não vejo você
10.4.18
O tempo é ao mesmo tempo
Criador e assassino.
Na medida em que passa, mata a paixão
Para que nasça um amor mais denso e até maciço.
É preciso saber que são esses os sentimentos
Que dão sentido à vida e por isso devem ser vividos.
Mas também lembrar que ambos carregam em si ganhos e prejuízos.
Quem se apega demais à fantasia e ao fogo da paixão
Talvez sinta falta de emoção e não se acostume
Com a singeleza e a serenidade de um amor mais definido.
9.4.18
Sabe por que foi tão difícil
Terminarmos o relacionamento?
É porque não tivemos tempo
De encerrar a fase do encantamento
6.4.18
Quando a questão é sentimento
Faz tempo
Que o tempo perdeu o sentido pra mim
E não me diz mais respeito
5.4.18
Nem todas as cobranças devem ser pagas
Nem todas são justas
São dívidas
Lícitas
Há cobranças que são extorsivas
Essas devem ser ignoradas
E até mesmo esquecidas
4.4.18
Me perdoe o silêncio
Mas é quase inacreditável estar aqui
Depois de tanto tempo
Por isso gasto o puco que temos
Pra ficar apenas olhando pra ti
Isso me acalma aqui dentro
E é suficiente pra mim
3.4.18
Saberes rasos
Que me chegam em cápsulas
Filtros em pilulas
Aceites em comprimidos
Cenários borrados em drágeas
Emplastros hipoestésicos
Sprays de veneno
Gotas de contentamento
Catatonia injetada
Ajustam o parafusos de minha cabeça
Balizando o meu pensar
Interferindo no meu olhar
Com tudo isso, ainda serei eu a enxergar?
2.4.18
O rangido noturno do assoalho
Firme e compassado
Tão conhecido pelos ouvidos
Ecoa pela casa
E traz paz ao coração do filho
São os passos do pai
Na direção do quarto
Ele chega tarde do serviço
Mas não é o andar de um homem cansado
Mas de alguém determinado
Que sabe do seu dever
E sempre o cumpriu com prazer
Sem nunca ter reclamado
Ele chega junto ao leito do rebento
Arruma-lhe as cobertas
Dá-lhe um beijo na testa
E contempla na penumbra aquele rosto delicado
Um serzinho tão inocente
Que não conseguiu esperá-lo acordado
Tem ainda uma vida inteira pela frente
É um diamante bruto a ser lapídado
Sai do aposento silenciosamente
E se recolhe para o merecido repouso
Amanhã acordará antes que o seu pimpolho
Pois não poderá chegar atrasado
Mais uma vez não o acompanhará à escola
Não lhe contará histórias
Não torcerá por ele no jogo de bola
Ou jantarão juntos já de banho tomado
Retornará novamente do trabalho
Tão tarde quanto necessário
E encontrará em casa
O mesmo cenário
Não verá seu moleque crescer
Teme não conseguir estreitar a distância
Que entre eles poderá se estabelecer
Logo logo seu menino será homem formado
E ele já pensa baseado na sua vivência
Em como não repetir a história de afastamento forçado
Que poderá ocorrer quando um neto vier
Engatinhando naquele mesmo assoalho
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