19.11.13

Leio



Os poemas de amor
Que um dia te dediquei
Cadernos imensos
Carregados nas tintas
Pois assim os senti
Assim os elaborei

Ficamos eu e os versos
E agora que há tempos não estás
Do lado de cá
Estas palavras tão densas
Insistem em viver
Querem respirar

A metade que arrancaste
De minha carne
Foi trancada numa mala
E com muita dor tive que vê-la partir
Não sei se ainda vive
E se ainda te faz companhia

Quisera notícias
Daquela parte que me foi roubada
Preencher o oco que não cicatriza
Calar o eco eterno do meu choro
Que vaga por todos os meus cômodos
Como um mal assombro

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