10.6.13

Há dias em que a vida



Não prestigia a vida
Desconsidera o amor
Exige respeito às convenções
É enlouquecedor

Ação e paralisia
Gritos e silêncio
E o aceite das contradições
Sempre acaba em sofrimento

A dor engorda
Ocupa os espaços
Se fortalece
Transborda

Vaza pelas janelas e por debaixo das portas
Atravessa a calçada
Na sarjeta
Se transforma em enxurrada

Segue ladeira abaixo
Numa ensandecida disparada
Arrasta o indivíduo
Como um saco de lixo

E o abandona
Enroscado num bueiro qualquer
Ferido e cansado
Triste e só

No meio do nada
Perdido longe de casa
Chorando
E clamando por resgate

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