Numa terra não muito distante
Andavam um tanto quanto desacreditadas
E o amor longe dali vivia
Existia um reino mágico
E nele um castelo encantado
Onde morava uma dama
Dona e soberana de tudo que a vista alcançava
Tinha também os
poderes do encantamento
Capazes de manter sua
salvaguardaGarantir-lhe sossego
E de fazer vir para si tudo que precisava
Escolhia a dedo
A comida adequada
A melhor bebida
E nos momentos de solidão e melancolia
O mais galante cavalheiro que por lá existia
Até que um dia
Passava por aquela
freguesiaUm andarilho errante
Maltrapilho e falante
Menestrel das belas palavras
Faminto e de peito arfante
Subitamente viu-se
arrebatado
Por um irresistível
perfumeFragrância tão suprema
Que de um esplêndido jardim emanava
Acompanhado de um inebriante canto
Carregado pelo vento
Que do alto de uma torre se espalhava
Sem conseguir oferecer
resistência
Mudou o curso de sua
passadaE dirigiu-se à fortaleza
Cruzou o escuro fosso
E por traz do atônito estrangeiro
Elevou-se uma enorme ponte
Aprisionando-o no monumento
Atravessou um imenso
átrio
Decorado com um sem
número de retratosSemblantes que expressavam os mais diversos humores
Orgulhosos indiferentes tristes irados amedrontados
Mas nenhum trazendo no rosto a felicidade (isto era um fato)
Príncipes e reis
Antigos senhores daquele palácio
Veio recebê-lo a
rainha
Em trajes sumáriosTransparências de quase expor suas reais intimidades
Silhueta magnificamente torneada
E pele muito branca de delicadeza sobre humana
Ao deparar-se com o
intruso aventureiro
Recuou assustadaImaginando que pela primeira vez tivesse errado
Na escolha de um parceiro para a sua cama
Mas antes que
conseguisse acionar a guarda
E por para fora a
pontapés o infecto forasteiroEis que ele saca de sua guitarra
E ferindo suavemente o instrumento
Extrai dele um som melodioso
Um doloroso lamento
Seguido de uma canção de amor intenso
Que capturou de imediato a monarca por dentro
A feiticeira
experimentando da própria poção
Encantou-se ao ponto
De sem mais delongas
Em alto e bom som
Ordenar que se
iniciasse a recepção
E lhes fosse servida
A já cuidadosamente
preparada refeição
Partilharam do vinho
real
De doces salgados e
frutos sem igualLicores
E já excedendo-se em picantes devaneios
Adentram aos nobres aposentos
Rindo muito
E carregando-a nos braços o hercúleo mancebo
No adornado leito
Rapidamente
desfizeram-se das vestesDe riquezas tão distintas
E mergulharam numa noite de amor extremo
E comunhão muito precisas
Beijos ardentes
Bocas reciprocamente
ativasPrivacidades com invasão permitida
Nobre e plebeu nivelados pela carne
Junção de espécies
Num improvável enlace
Ao final da noite
Saciada mas intranquilaTemendo aprisionar-se em definitivo
Pede que se retire o artista
Dando-lhe o tempo de um minuto
E exigindo (sem olhar para trás)
Que com sua vida prossiga
Ele a obedece sem
colocar empecilho
Considerando ter sido
premiadoPor poder desfrutar de tão mágico destino
Deixa o reino feliz e
satisfeito
Lépido e faceiroBanho tomado
Bom cheiro
Um casaco novo de reforçada trama
Algum ouro no bolso
Barriga cheia
E muitos salamaleicos
E para eternizar o
evento
E nunca esquecer a
magnífica experiênciaCompôs esta cantiga
E por todas as terras que depois passou
Lhes deu ciência
Esta história
contou-me um ancião
Na mesa de um barNuma viagem que fiz ao Japão
Mas disso nem mais tenho certeza
Se foi fato ou criação
Pois já tinha as ideias um pouco embaralhadas
Depois da vigésima cerveja
2 comentários:
Imaginação fértil. Genial!
Uau! Eu nem podia imaginar que doutor Marcos escrevia um blog.
E que linda história!
Parabéns pela criatividade e pelo talento na lida com as palavras.
Virei leitora.
Um beijo,
Juliana.
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