Pelo fim de mais um amor errado
Saí pelas ruas
A procura de um bar
Logo encontrei abrigo
Paraíso estranhoCheio de tipos esquisitos
Caras amarradas
Olhares perdidos
Em silêncio bebiam
Sem ligarPara para o que lhes era vizinho
No escuro tateei uma
mesa
Num canto escondidaPedi uma garrafa
No que fui prontamente atendido
Paguei antecipado
Sabendo que dali não sairia acordado
Pus-me a entornar o
líquido
Num só goleE outro litro logo mandei trazer
Foi quando já no segundo copo
Desandei a chorar
Não foi possível
resistir
...Tudo acabado
Um amor tão intensoNum buraco de esgoto
Simplesmente jogado...
Bradei contra deus e os
homens
Que teria feito para
merecer tamanho tormentoTransformei aquele ambiente
Num inferno sem demo
Mas apesar da fúria nenhuma resposta me veio
Continuei bebendo
E a loucura do inícioEm prostração se trasnformou
Parei de gritar
Só conseguia soluçarPassei o resto da noite
Olhando o vazio
Tal qual meus companheiros de bar
Desejei que a morte
Ao meu lado se sentasseEspusesse seus argumentos
E em sua carruagem me levasse
Depois
De nada mais me lembro
Acordei em meu quarto
Papéis à beira da
cama espalhadosCheiro de sabonete e pijama listrado
Me sentindo disposto
Como se todo o acontecido
Nada tivesse significado
Para minha surpresa
Estava lá a bandidaCom cara amarrada
Lavando panelas
Roupa na máquina
Reclamando que falei alto a noite toda
E que não a deixei sossegada
Avisou-me que já
tinha se adiantado
Confiscado meus discosDo Lupicínio Elis Ro Ro e Cartola
E me advertiu
Que dada a minha natureza frágil
Me largaria
Caso não parasse de escrever
Estas estórias rasas de amor
Grande porcaria
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