18.2.13

Destroçado



Pelo fim de mais um amor errado
Saí pelas ruas
A procura de um bar

Logo encontrei abrigo
Paraíso estranho
Cheio de tipos esquisitos
Caras amarradas
Olhares perdidos

Em silêncio bebiam
Sem ligar
Para para o que lhes era vizinho

No escuro tateei uma mesa
Num canto escondida
Pedi uma garrafa
No que fui prontamente atendido
Paguei antecipado
Sabendo que dali não sairia acordado

Pus-me a entornar o líquido
Num só gole
E outro litro logo mandei trazer
Foi quando já no segundo copo
Desandei a chorar

Não foi possível resistir
...Tudo acabado
Um amor tão intenso
Num buraco de esgoto
Simplesmente jogado...

Bradei contra deus e os homens
Que teria feito para merecer tamanho tormento
Transformei aquele ambiente
Num inferno sem demo
Mas apesar da fúria nenhuma resposta me veio

Continuei bebendo
E a loucura do início
Em prostração se trasnformou

Parei de gritar
Só conseguia soluçar
Passei o resto da noite
Olhando o vazio
Tal qual meus companheiros de bar

Desejei que a morte
Ao meu lado se sentasse
Espusesse seus argumentos
E em sua carruagem me levasse

Depois
De nada mais me lembro

Acordei em meu quarto
Papéis à beira da cama espalhados
Cheiro de sabonete e pijama listrado
Me sentindo disposto
Como se todo o acontecido
Nada tivesse significado

Para minha surpresa
Estava lá a bandida
Com cara amarrada
Lavando panelas
Roupa na máquina
Reclamando que falei alto a noite toda
E que não a deixei sossegada

Avisou-me que já tinha se adiantado
Confiscado meus discos
Do Lupicínio Elis Ro Ro e Cartola
E me advertiu
Que dada a minha natureza frágil
Me largaria
Caso não parasse de escrever
Estas estórias rasas de amor
Grande porcaria

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