28.2.19

Se mi chiedete mai


Se sono ancora innamorato
Risponderò a quello no
Perché quella passione fiammeggiante
Si è raffreddato

Ha lasciato il posto a un amore
Molto delicato
Mi fa sedere la testa
Como un cuscino ben dimensionato

27.2.19

Você me pergunta


Fingindo
Se interessar:

Como é que vai?

E eu respondo
Assim sem pensar:

Seguindo

Sigo vendo
Sendo visto

Sigo sendo
Sempre indo

26.2.19

Não partiu de uma pirotécnica paixão


Um passe de mágica
Ou obra do acaso

Foi muito bem planejado
E executado

Tijolo por tijolo
Colocado e assentado

E assim foi construído o amor
Sólido e estruturado

Resistente a temporais e alguns terremotos
Tudo já devidamente testado

25.2.19

És inatingível


Menina Lua
Te realizas vivendo distante a iluminar as ruas

Inquieta
Nunca te permites nem ao menos uma siesta

Mutante
Vives em contínua mudança de semblante

Quando as nuvens te revelam por trás da cortina
Não te escondes de quem te admira

Escancarando os teus encantos
Arrancando suspiros e aclamações de espanto

Assim qualquer mortal
Pode ver em tempo real

A tua nudez divina
Até o instante em que abandonas a abóbada matutina

21.2.19

A memória


Desencava a história
Regista o acontecimento

A saudade

Eterniza o momento
Ao te fazer reviver o sentimento

Só ela tem o poder
De parar o tempo

20.2.19

Tente se lembrar


De que este que acaba de partir
É aquele que um dia
Mesmo sem te avisar
Chegou e se instalou dentro de ti
Num lugar confortável, quentinho
E ambos chegaram a pensar
Que seria definitivo

Porém, agora que o espaço voltou a ficar vazio
Para que um outro passarinho
Possa ocupar o ninho
Será preciso manter portas e janelas abertas
Demonstrando que o lugar é convidativo
Assim, um viajante que passe pelas cercanias
Poderá se sentir confiante para descansar no abrigo

Vai que o forasteiro goste
Vai que ambos gostem
Vai que estivesse procurando justamente por isso
Vai que traga novamente luz no teu sorriso
Vai que decida ficar por tempo indefinido

19.2.19

Toda paixão arde


Queima
E como qualquer paixão
Mesmo que a saibamos
Falível
Efêmera

Por um tempo
Vivemos a ilusão
De que nunca faltará
Combustível
Nesta fogueira

18.2.19

Veste a tua roupa


E vai embora
Agora
Como sempre
Fizeste comigo
Tudo o que quiseste
E não há mais nada aqui
Que possas tirar de mim

Não digas qualquer palavra
Não acendas a luz
Desce a escada
Com os pés descalços
Deixa a porta encostada
E não olha pra trás

Assim que saíres
Terei que lidar com tudo isso
Com a necessidade
De mais uma vez
Ter que te esquecer
Sabíamos que seria difícil resistir
Não era para acontecer

14.2.19

Qui a commis la folie


Effacer la lune
Juste aujourd'hui
Quand je dois vous
Ensemble avec moi
Totalement nue?

13.2.19

Tudo que me atinge


E entra em mim
De alguma forma
Se incorpora
E me transforma
A partir daí
Muda a minha história
Pois passo a ser
Algo além
Daquilo que carrego
Desde que nasci

12.2.19

Se quer saber


Se uma pessoa
Serve para você
Beije-a na boca
Só o beijo
Tem o poder
De trazer à tona
Certas sutilezas do ser

11.2.19

Vrai amour


C'est cet amour
Ca garde les couleurs
De la même manière
Être avec l'amant
Près
Loin
Ou perdu dans le temps

8.2.19

A criatura


Cujo ventre recusou o amor
Não pode ser despertada
Por certos elementos
Que lhe dariam autonomia
Para trabalhar prazer e dor

Acaba resultando
Num boneco de pano
De olhar paralisado
Perdido e esvaziado
Desfalecido num canto

Que para responder
Às questões do ser
Precisa de um ventríloquo
Que lhe dê vida com a mão
E voz disfarçando a respiração

7.2.19

Só revele o irrevelável a alguém


                                     (para Mário Quintana)

Se o irrevelável que tens
Puder ser revelado

Pois ele também deve ter alguém
Com quem deixou combinado

Que entre eles jamais haveria
Algo não revelado

6.2.19

Lamento por tua tristeza


Adeus princesa
Não desperdice tuas lágrimas

São cristais coloridos
Que ofuscam de tanto brilho

Transforme-as em brincos
Brincos de princesa

Para que te lembrem
Sempre

Que o amor é lindo
Mas pode ser finito

E não há nada de mal nisso
É apenas a vida seguindo seus ciclos

5.2.19

Em cada parte que tocaste


Ao tateares meu corpo
Despertando prazeres
Descobrindo segredos

Tatuaste em mim
A ti mesma
Lindas imagens em relevo

Impossíveis de serem esquecidas
Ou desconstruídas
Com o simples passar do tempo

4.2.19

Poesia


Última nave da linguagem
Que se atreve a mergulhar fundo
No oceano da mediocridade

Faça esta viagem e tente salvar
O que resta da comunicação
E de sua integridade

Ou abrace de vez
O lado fútil da tecnologia
No que tem de superficialidade

E assista à destruição progressiva
Do que há de mais nobre
Na tua humanidade