30.6.17

Aqui dentro


Há tanto espaço para ti
Como para o mundo
Com toda a terra e oceanos

Ajuda-me a preenchê-lo

Pois não posso continuar vivendo assim
Carregando em mim
Um vazio deste tamanho

29.6.17

Amor


Não vejo como diversos
Dos meus versos
O sexo que fazemos
A inspiração para o verbo
A métrica
O ritmo
O andamento
Tudo isso
Resulta do momento

27.6.17

De que me adiatam os livros


Se ainda que versado no vernáculo
Não aprendi a ler
Nem mesmo um parágrafo?

De que me adianta estar ao teu lado
Se não consigo te entender
E nos é impossível um diálogo?

26.6.17

Sabe aquele momento


Em que o pensamento é ocupado
Por um só termo: ingratidão?

Em que o coração aperta
A tristeza reina
A carne grita

O entorno é de total silêncio
Na cabeça o ruido é imenso
E o sentimento que te imobiliza
É o de uma terrível solidão?

23.6.17

Não, não é que deixei de te amar


Mas é que não aguento mais sofrer assim
O que preciso agora
É limpar minhas memórias
E me convencer
De que deixar de te querer não é o fim

Não, já decidi


E não é uma questão de não te amar mais
De não sentir

Mas sim de precisar não te querer mais
Pois quem sabe assim

O sofrimento desista de me acompanhar
E eu consiga prosseguir

22.6.17

Os versos são meus


Mas os enredos não
Capturados no mundo
Eu os tomo emprestados
São obras do acaso
Sonhos ditados
Desejos frustrados
Problemas sem solução
Casos reinventados

21.6.17

Amor


Ator
Diferentes papéis
Para cada personagem

Mudam cenários
Mudam enredos
Sempre em viagem

Veste êxtase e sofrimento
Mas quando ama de verdade
Abandona o receio e veste coragem

20.6.17

Está escrito


As ideias nascem
Proliferam
E voam rumo ao escuro
Universo profundo
Onde desaparecem as respostas
E se esgotam os sentidos

E tudo mais que existe
Também é sugado
Por esse desconhecido
Espaço perdido
Caminho sem volta
E sem limites

E não há o que possa ser feito
Para mudar esse destino
Não depende das vontades
Dos nossos erros
Do desenvolvimento dos engenhos
Ou da intensidade dos sacrifícios

19.6.17

Não quero virar pedra


Para não eternizar
Minha presença na terra

13.6.17

Nossas noites desfilam


Todas juntas
Na mente alcoolizada e confusa
E na fumaça do cigarro
Que embaça
A tinta descamada
No teto do quarto

Detalhes fluidos e misturados
Que vão tomando contornos
De lembranças que julgava perdidas
E agora tão nítidas
Mas é preciso esforço e foco
Para mantê-las em separado

12.6.17

Travamos uma guerra


Que pela contundência
E uso de estratégia
Nos pareceu que seria eterna

Desgastantes batalhas
E como armas
Só palavras

Quando caímos esgotados
E as bandeiras baixadas
O cenário era devastador

Sangue para todo lado
Montanhas de tristeza
Cinzas e dor

Não cantamos vitória
Só nos restou lamentar a derrota
Por nós dois

9.6.17

Volto, volto sim


Porque ainda é teu o meu amor
E também não acredito
Que este seja o fim

Mas só volto se souber que choraste
E que as lágrimas que derramaste
Foram lágrimas de dor

8.6.17

Mais importante que


Alcançar as estrelas
É poder vê-las brilhar

7.6.17

Volta


Sempre volta
De suas muitas noites
Intensas e vazias
Lábios de vermelho borrado
Um azedo no hálito
Vômito no vestido
Olhos inchados
Olhar injetado
Dores pelo corpo
Tropeçando no salto
E torcendo para que
Chegue em casa
O quanto antes
E possa se deitar
Sozinha
Enquanto ainda está acordada

6.6.17

Não preciso de homem nenhum


Pra cuidar de mim

Ela me disse isso
Aos gritos
Antes do fim

Que pena

Não entendeu
Que no amor
O cuidado de um para com o outro
É o maior dos tesouros

Que pena

Não percebeu
Que no nosso caso
Foi o que primeiro desapareceu

5.6.17

Não há como ser feliz no amor


Todo o tempo.
Mesmo que ele seja
O mais profundo e verdadeiro.
E isso é absolutamente natural
Em qualquer relacionamento.
Mas se o amor for clandestino
Além disso
Ele padecerá de um agravamento.
Pois a felicidade plena
Ainda que efêmera
Só está presente
Quando os amantes
Ficam frente a frente.
E fora desses momentos
Nem sempre tão frequentes
O que predomina
Quase sempre
É o sofrimento.

2.6.17

Nem sempre


O certo a fazer
É o que deve ser feito

Nem sempre

O certo a fazer
É o que pode ser feito

1.6.17

...e eu


Novamente apaixonado
Com a urgência dos viciados
Ultrapassando fácil
O limite do suportável