28.7.11
É meu o coração
Que vejo
Imerso naquele frasco vedado
Puro formol
No ambiente impregnado
Prateleira por demais elevada
Não acho o raio da escada!
22.7.11
Sou do tipo
Sou capaz
De ser violento
Te matar com meus carinhos
Te sufocar com meus beijos
Tento não exagerar
Mas se no fim de tudo
Assustada fugires
E algum amor ainda sobrar
Embalo
Despacho
E até no fim do mundo vou te achar
Sugiro que recebas a encomenda
Não adianta recusar
21.7.11
A chuva despenca sobre a moça
Que em disparada
salta enxurradas
e com um jornal se cobre
Enquanto a água farta
o corpo revela
e a rua engole
15.7.11
Sei bem do seu desejo
Um desejo lá do fundo
De que eu seja mais presente
Que não seja tão confuso
Mais atento às nossas coisas
Como um todo mais maduro
Mas o que fazer com este ser
Abilolado e inseguro
Que tenta tenta e não consegue
Resolver as encrencas
Responder tão bem a tudo?
14.7.11
O orgulho
Tem que ser discreto
O caráter
Reto
O olho
Precisa percorrer o entorno
E o já chega
É o abrigo da ambição
13.7.11
12.7.11
11.7.11
Fechou o jornal
Terminou o café
Silenciosamente levantou-se da mesa
Saiu pela porta da frente
Ficaram-lhe as chaves
Naquela manhã fria (sem olhar para trás)
Abandonou o conforto de sua vida vazia
7.7.11
Livros
Têm vontade própria
São vivos
Quando para nós se calam
Não merecem o castigo
De ficar em estantes esquecidos
Poderão dizer o que antes nos diziam
Nas mãos de algum vizinho
Noite de frio
Relevos na estante
Aleatoriamente tateados
Sons no piano
A escolha de um livro
Um poeta esquecido
O verso continua vivo
Um arrepio
Retorno ao passado
6.7.11
Poesia
Esponja porosa
Absorve todo o líquido
Que nela encosta
Quando saturada
Se espremida
Jorra
Se elevada
Logo em seguida
Pinga pinga pinga
4.7.11
No inverno
Voltado para o umbigo
Teço um casulo
E me mantenho aquecido
Preciso lembrar
Que a metamorfose
É só uma etapa no ciclo
1.7.11
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