30.11.10
Minha solidão
É povoada por multidões enfurecidas
Milhões de rostos em minha cabeça aprisionados
Meu silêncio
É sufocado por uma grossa camada de medonhos ruídos
Que não me permite ouvi-lo
Meu escuro
É violentado por um sem número de holofotes
Para o meu rosto apontados
Minha tristeza
É travestida de alegria
Por um fino casaco
Tenho pés amarrados
Língua cortada
Mãos decepadas
Arrasto-me pela lama sem orientação ou sentido
Preciso furar meus olhos
Encontrar um abismo
29.11.10
Por vezes a verdade pode ser cruel
Olho-te profundamente nos olhos
Ontem me senti vento
26.11.10
25.11.10
Éramos dois
23.11.10
A vida molda o ser
22.11.10
A vida molda o ser
Quando aqui não mais estiver
Poesia é sentar-se em silêncio à beira de um lago
19.11.10
18.11.10
Quando criança
Estava convicto que seria um eterno solitário
Não condenaria qualquer pessoa o conviver
Com um sujeito tão inadaptado
Procurava no mapa um lugar
Que fosse de todos o mais isolado
(Ah, as terras férteis de Roraima!)
Sonhava lá me instalar e ficar para sempre sossegado
Passadas algumas décadas
Me vejo com família e feliz
Vivendo na maior cidade do País
Quando criança
17.11.10
Quando criança
Sonhava com a ideia de me alistar na Legião Estrangeira
Ocultar um misterioso passado
Viver de forma incógnita
Guerrear no deserto contra beduínos sanguinários
Desaparecer inexplicavelmente
Deixando a incerteza de ter escapado
Ou virar cidadão francês
E viver para sempre como um sujeito respeitado
Até nos desenhos do Perna Longa isto era reverenciado
Quando criança
Só quem sentiu o verdadeiro medo
Depois de uma semana
Acordo de madrugada
16.11.10
Dói demais
Quero dar o teu nome
Não sei o que há com certos velhos
Vivem a anunciar o fim de tudo
O fim da história
O fim do mundo
Ontem li no jornal
Dito pela boca de um grande poeta ainda vivo
“A poesia está morta. Sou um ex-poeta”
Quanta pretensão e desrespeito
Se não houve distorção em suas palavras
Só me resta o lamento
Julga-se dono da verdade
E que todo o feito lhe chega
Generaliza o seu próprio esgotamento
Mas é o senhor quem deve estar a morrer (falta-lhe energia)
Quanto à poesia
Continua cada dia mais viva (inclusive a sua)
12.11.10
Desenho de criança
Sol poente
Algumas nuvens
Céu azul
Montanhas ainda verdes
Uma casinha no centro do vale
Cerca branca
Traço grafite que deixa a chaminé
Se abre e segue para o céu
Riacho sempre com peixes
Árvore sempre com frutos
Borboletas e pássaros
Flores no gramado
Luz na janela
Um caminho sinuoso
O cão estirado na varanda
Pegadas até a porta
Hoje ainda primavera
8.11.10
É preciso criar o pecado
4.11.10
Assinar:
Postagens (Atom)