Entope o ralo da vida
Aprisiona os sentimentos
Fazendo subir o nível da angústia
Na sua forma mais dolorosa
A líquida
Veem-se torneiras abertas por todos os
lados
Inalcançáveis bicas
Despejando uma enxurrada de abominações
E desesperadoras tristezas
Capazes de abalar até a mais robusta
das naturezas
Quando alcança os joelhos
Já é possível sentir os pés pesados
E como se torna difícil sair desse
espaço
Seja escalando as paredes
Ou tentando os primeiros passos
Com o lago na altura da cintura
Começam a ficar comprometidas as
estruturas
Mas não se deve agir com desespero
Pois ainda há tempo para uma solução
Se houver astúcia e determinação
Contudo, se o pescoço foi atingido
Por certo o indivíduo se arrependerá
lá no íntimo
De não ter aprendido a nadar
De recusar-se a seguir seu instinto
Ou de não ter subido no barco quando lhe
foi oferecido
E se o corpo finalmente acabar todo
imerso
Ainda assim nem tudo estará perdido
Lhe restarão duas saídas possíveis
Para resolver este embaraço tão
complexo
Desde que seja abandonado o imobilismo
Deverá se arriscar de uma vez
Mergulhando
Tentando alcançar o fundo
E arrancar a rolha
Que impede o escoamento do fluido
Ou precisará suplicar aos céus
Para que surja uma mão milagrosa
Vinda de cima e o tire daí
Mesmo que seja às custas
De uma subserviência eterna e dolorosa
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