28.2.18

La infancia


Es un país
Que yo no conocí

El mar de la vejez
Es el lugar donte nascí

Mas viejo cada dia
Sin un puerto a la vista

Mi viaje es un vacio
Aparentemnte sin fin

27.2.18

Quisera te abraçar


Com tanta força
Até que arrebentassem os ossos do meu peito
E de uma vez por todas
Colocar-te pra dentro

Em seguida ser acorrentado
E trancado com um cadeado
Cuja chave possua um encantamento
Que a faça girar uma única vez
E tu é que terás que determinar o lado

Para a esquerda ele se abrirá
Aí deverás sumariamente sair
Sem olhar para trás ou emitir comentário
Para a direita ele se manterá trancado
E assim estarás condenada a ser hóspede eterna
Desde amante desesperado

26.2.18

Quero que saibas


Que te respeito por princípio
E que jamais avançarei
Além do que me for permitido
Mesmo que tudo que tenhas a oferecer
Seja esse imenso silêncio
Que entre nós foi erguido

23.2.18

Por ter sido recrutado em tempo hábil


Acho que fiz bem o meu trabalho
Te ajudando a sair do buraco.
Te fazendo enxergar
De novo
As coisas boas
Que carregas dentro de ti.

Agora estou feliz
Por ver que estás feliz.

Te vejo mais fortalecida.
Não acredito que voltes a cair
Ficando novamente
No estado deplorável
Em que te vi
Naqueles dias tão ruins.

22.2.18

Quando chegas da rua


Tarde e cansada
Com tuas tarefas cumpridas
E o humor em frangalhos.
Já estou deitado
De banho tomado
Luz discreta no quaro
Mas sem conseguir baixar a guarda
E atravessar a linha
Para o outro lado.

Pensamentos embaralhados
Me sentindo pequeno
Sensível, frágil.
Teu toque é delicado
Mas tua mão está fria.
Teus cabelos ressentem
À fuligem úmida
De uma madrugada que não termina.

Me beijas a testa
Há um adocicado etílico no teu hálito
E eu gosto disso.
Teus lábios estão secos, ásperos
E assim, como que desencantado
Alguma coisa se acalma em mim.
Finalmente estás aqui
Este é o teu lugar.

Agora vem cá
Deixa de lado o celular
E deita-te comigo
Enquanto ainda estamos vivos.
Para que juntinhos
Guardando o silêncio
Possamos nos aquecer, descansar
E dormir em paz.

21.2.18

O sentimento


Já existe desde sempre
E indefinidamente vaga

Viaja simplesmente
Procurando vaga

No coração de quem a tem
E tem coragem

De se abrir para quem
Pede hospedagem

20.2.18

Attento a cosa stai per dire


Le parole hanno potere
Non tutto quello che ti passa per la mente
Nell'altro può andare bene

19.2.18

L'amour


C'est une drogue
Addictif

Pendant un moment
Tout est euphorie

Mais quand la dépendance est créé
Fait souffrir et asservit

16.2.18

Agora


O que me resta fazer
É tentar tornar-me um ser
Mais pragmático e objetivo
Desconstruindo os resíduos de romantismo
Que ainda cultivo com relação a ti

Tentando assim recuperar a paz
Que não tinha até então percebido
Deixou-me quando te conheci
E seguiu contigo
No dia em que te perdi

15.2.18

No dia em que te perdi


Algo se calou dentro de mim
E agora o que eu mais temo
É que esse silêncio
Não me permita o esquecimento
E nunca mais tenha fim

14.2.18

Num súbito descuido


Entre lágrimas
Um fungar profundo

Os olhos embaçados
E um lapso no pensamento

O branco da cebola
É tingido de vermelho

Um corte profundo
Quase me encurta o dedo

Por um momento
Senti um alívio no peito

Ao ter minha dor de amor
Substituída pela do ferimento

Mas assim que as entendi diferentes
Coloquei sobre o machucado o pedaço pendurado

Enrolei a mão num guardanapo
E saí rápido buscando atendimento

Alguns pontos no indicador e um curativo apertado
Foi esse o resultado

Mas no coração não sessou o sofrimento
E o sangue ainda jorra sem poder ser estancado

9.2.18

Pode acreditar


A dor ainda está lá
Mas o tempo consegue a proeza
De anestesiar os sentimentos daquele que sofre
Fazendo-o se acostumar

E quanto ao esquecimento
Ah, isso é um outro departamento
No qual o tempo
Nem sempre tem autorização para entrar

8.2.18

O grito que ouço aqui dentro


Só quem já viu
Um porco morrer
Entenderá o que eu digo
Sabendo bem o que é sofrimento

Grito de desespero
De alguém que sabe o que está acontecendo
E que mesmo contra a sua vontade
É chegado o seu momento

7.2.18

O amor era o mesmo


Mas com o passar do tempo
Os ciumes e as cobranças foram aparecendo
E aos poucos outras aberrações se somaram
Soterrando todo o sentimento

Faltava carinho no toque
Leveza nas palavras
E não se via mais brilho no olhar
Ainda que tudo continuasse verdadeiro

A cruz que levavam ficou pesada demais
Consumindo-lhes as forças
Até não conseguirem mais carregar
E esgotarem-se os argumentos

Tiveram que desistir de algo raro
Mas que não havia mais como salvar
E hoje ainda juntos vivem imersos
Num insuportável silêncio

6.2.18

A saudade do poema


Só era pra ser verdadeira
Enquanto saudade no poema

A dor do poema só era pra doer
Enquanto doesse no poema

O amor do poema era pra ter outra cor, aroma e sabor
Ter um outro calor que só ardesse no poema

Fechar o livro e apagar o abajour
Às vezes não não nos livram do poema

5.2.18

Preciso de alguém


Que se importe comigo
Para que quando a razão me faltar
Vá me buscar onde eu estiver
Me faça lembrar de quem sou
E me convença a voltar

E que quando eu chegar
Não me pergunte nada
Mas trate das feridas
Que ao longo do caminho não pude evitar
E que sozinho não conseguiria cuidar

2.2.18

Agora


Estamos num outro momento
Diferente de tudo que até aqui vivemos

E não é um momento de esquecer
Ou deixar de sentir

Como podes ver
É um momento de encarar espelhos

Somos dois solitários
Desviando dos próprios reflexos

Vagando perdidos
Cada um no seu quarto

Carentes de abraço
Cheios de desejos

Tendo que suportar tudo
Ouvindo apenas os próprios pensamentos

Quantas vezes nos advertimos
De que estávamos sob risco

De que se nada fosse feito
Caminharíamos exatamente para o que hoje temos

Não sonhamos com isso
Erramos em ser tão passivos

Permitimos que aos poucos
Entre nós fosse erguida a muralha do silêncio

Apagamos as luzes antes do tempo
E fomos sugados pelo fosso do isolamento

Não era para ser assim
Perdemos a última chance de nos entendermos

1.2.18

Não são só escolhas que temos


Também há contingências
Determinadas por nossos envolvimentos

Neste caso precisamos aceitá-las
Ou do contrário não há como seguir vivendo

Algumas são escolhas, sim
E quando se concretizam nos sentimos plenos

Mas abortam planos
Quando são importantes e não as obtemos

Frustram pensamentos
Comprometem o encantamento

Nos fazem parar à janela acompanhando nas calçadas
O que mais parece um rebanho sem discernimento

Enquanto isso as gotas de chuva
Se desfazem no vidro lavando sentimentos