Estamos todos condenados
Desde que nascemos nossos dias estão contados
As contas podem não ser lá muito precisas
Mas é certo que cada dia é menos um dia
E todos de alguma forma sabem
Que não há espaço para bagagem
Quando a luz se apaga
E neste mundo precisarmos abrir vaga
Mas nem mesmo isso serve de argumento
Para nos diminuir a soberba e clarear o pensamento
Para convencer a nós mesmos
De que não devemos desperdiçar mais nenhum
momento
Do muito que já nos escapou por entre os dedos
E do pouco que ainda temos
De que é preciso abdicar da ignorância
Arranjar as coisas na exata ordem de sua
importância
E nos debruçarmos prioritariamente sobre os fatos
Que fazem valer a nossa condição humana
De trabalharmos duro e seriamente
Pois disso depende a vida no planeta e dos nossos
descendentes
Mas sei como é difícil tirar a bunda do assento
Rompermos com nosso encastelamento
Admitirmos que nossa visão míope
Não vai muito além de nós mesmos
Talvez seja este nosso principal defeito
A valorização excessiva do único umbigo que temos
A ilusão de sermos uma entidade superior e
auto-suficiente
E o descompromisso com o meio
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