7.7.15

Espelho implacável



O peso dos anos me verga as costas
Mas a alma insiste em manter-se aprumada

Me enruga a pele
Mas os sentimentos ainda me ardem

Me ofusca a visão
Mas não o paladar

As limitações aumentam
E o universo é um banquete intacto a ser degustado

A morte se aproxima
E o que há para ser feito jamais será terminado

Não se pode driblar o tempo
Fazê-lo passar ao largo

Dar-lhe um tapa no traseiro
Mandá-lo para a rua brincar

Dixá-lo por lá
Até que ao anoitecer seja chamado

E quando retornar
Que deixe os sapatos sujos do lado de fora

Tome um banho bem quente
Um prato de sopa reforçado

E não se deixe levar pelo sono
A menos que num belo sonho seja embarcado

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