27.3.15

Vênus dos olhos claros



Profana bebida
Não tens culpa
Por serem tão poucos
Os teus amantes

Divina criatura
Tua pele branca e pura
Quase sempre preterida
É injustiçada
Não há dúvida

Fermentados de tua cor
São delicados
Discretos
Quase sempre desconhecidos

Os tintos são mais lembrados
Mesmo os medíocres
Com menos mistérios
E encantos reservados
Acabam mais celebrados

A maioria dos apreciadores
Nem desconfia
Da riqueza de teus aromas
De teus bucólicos sabores

Teus frescores
Da tua deliciosa malícia
Da paixão com que te doas
Da harmonia
Da tua alegria

Por isso, quando me perguntam
Que vinho prefiro
Em tom resoluto
Sempre repito:

Sendo bom não me importa a uva
Gosto de vinho
Maior é a celebração
O momento idílico
A dionisíaca partilha

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