Tudo está claro
E esta ausência da noite
Acelera o consumoDo pouco de humano
Que ainda guardo comigo
O desânimo
A falta de empenhoE o egoísmo no trato
Não me ajudam a atravessar o espelho
Para encontrar no país das maravilhas
Algo que se pareça
Com um reino encantado
O contato raso
Não alivia a carga de embaraçosDe quem se sente um espantalho
Nariz de palhaço
Gasto
Usado todo dia
Atrás de uma mesa de trabalho
Ao lúmpen existencial
Só resta a mendicância passivaConformando-se com as sobras
Que lhe são colocadas à vista
Pois na sua idiotia constitucional
Vive tranquilo a fantasiaDe que as coisas são como são
E de que tudo vai bem
Tudo está normal
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