Ruborizando a face e
fervendo na artéria
Desejando precipitar-se
por cascatas que o levem ao mar
Não resistirá à
frieza paralisante da sensatez
Paradoxal atributo das
feras
Mesmo que o ser
atormentado pela dúvida
Desvestido de todos os
epitélios
Busque o expurgo da
culpa
Esvaindo-se em pálidos
impropérios
Para obter o pretendido
perdão
Precisará de
sacrifícios e autoimolação
O esfolar corrosivo nas
imersões em piscinas ácidas
O arrastar de pés nas
enxurradas cáusticas
Arrancar com torquês
Um a um sem esquecer
nenhum
Na exata ordem de
colocação
Os cem mil pregos
cravados no crânio
Depois de cumpridos os
objetivos do algoritmo traçado
De estimular regiões
do encéfalo isentas de coágulos
Seccionar músculos
aliviando tensões tendinosas
Impedir faíscas no
acoplamento das partes gelatinosas
Revelar sob a máscara
a expressão marmórea da morte
A catatonia elástica das línguas
chamuscadas
Dos beijos com gostos padronizados
E transformar
as últimas e já desbotadas lembranças
Em entes plasmáticos
cuidadosamente desfigurados