18.2.14

Escrever



É açoitar as próprias costas
Sangrar o que há para expurgar

Aceitar que não há sofrimento sem dor
Mesmo que muito seja preciso chorar

Só parar quando tudo estiver em carne viva
Deixar que o tempo cuide das feridas

Permitir que crostas se formem
E todas as chagas fiquem protegidas

Esperar o fim dos inchaços
Inventariar cicatrizes e traços

Guardar caderno e lápis
Tirar os óculos e apagar a luz

Virar para o lado
E não mais acordar para este assunto


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