14.1.14

Noite de se adivinhar rostos no teto



Esperar pelo sono
E torcer para que ele não se apresse
Em me fazer encontrar o outro dia

Vasculhar antigas gavetas
Soltar os laços das fitas
De maços amarrotados

Rever velhos guardados
Lamentar ao constatar que retratos
Amarelecem e embaçam

Nas cartas de amor
A tinta diluída pelas lágrimas
Colou páginas e embaralhou palavras

Flores secas e sem cor
Cuidadosamente marcando tesouros
Em esgotadas antologias

Deixaram sua silhueta nos poemas
E não carregam mais a lembrança
De seu aroma e frescor

Sofrer
Por não conseguir
Interromper o giro da terra

Chorar
Por não ter o direito de viver para sempre
Naquela que foi a melhor das eras

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