Quarta-feira de cinzas
A face pálida insiste em aparecer sob a maquiagem borrada
Passado o cortejo festivo e recuperados da ressaca
Convém voltar ao mundo
Uma fábula já conhecida
Que como na infância fica sujeita a ser repetida
Um cem número de vezes
Desconfie de quem
Tenha lido Nietzsche
E ainda afirme acreditar na existência de deus
Distorce conteúdos
Apoia-se em falsas premissas
E opta por agradar para vestir poder
Lágrima fácil derramada no discurso
Oratória perfeita e currículo impoluto
Parece realmente acreditar no que diz
E é possível que acredite mesmo
Alimentou-se da fantasia e fez-se messias
De novo
Esta história de sonho
Esperança
E nós podemos
Soa como cantilena
Que no passado tocou no rádio
E de alguma forma persistente no ar
Sem que ninguém mais lhe dê atenção
É música para ouvir música
Arrisca-se a pisar no sangue derramado
Daqueles que antes dele deram seu pescoço ao carrasco
Neste caso
O politicamente correto
Me remete a frases já mais do que batidas
Dar os anéis para manterem-se os dedos
Por vezes mudar para que nada mude
E a história
Sempre se repetindo
Nenhum comentário:
Postar um comentário