11.11.08

Toda unanimidade é burra


Quarta-feira de cinzas

A face pálida insiste em aparecer sob a maquiagem borrada

Passado o cortejo festivo e recuperados da ressaca

Convém voltar ao mundo


Uma fábula já conhecida

Que como na infância fica sujeita a ser repetida

Um cem número de vezes


Desconfie de quem

Tenha lido Nietzsche

E ainda afirme acreditar na existência de deus


Distorce conteúdos

Apoia-se em falsas premissas

E opta por agradar para vestir poder


Carisma

Lágrima fácil derramada no discurso

Oratória perfeita e currículo impoluto

Parece realmente acreditar no que diz

E é possível que acredite mesmo

Alimentou-se da fantasia e fez-se messias

De novo



Esta história de sonho

Esperança

E nós podemos

Soa como cantilena

Que no passado tocou no rádio

E de alguma forma persistente no ar

Sem que ninguém mais lhe dê atenção

É música para ouvir música


Arrisca-se a pisar no sangue derramado

Daqueles que antes dele deram seu pescoço ao carrasco


Neste caso

O politicamente correto

Me remete a frases já mais do que batidas

Dar os anéis para manterem-se os dedos

Por vezes mudar para que nada mude


E a história

Sempre se repetindo

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