Johann Sebastian Bach era maneta. Faltava-lhe a mão esquerda.
A descoberta foi feita por acaso, numa nota de rodapé, durante o processo de restauração de uma de suas últimas partituras conhecidas.
Manifestou também o desejo de não ir para a sepultura como o único detentor deste segredo.
Perdeu a mão, em seus dias de juventude, ao experimentar, de forma inconseqüente, o protótipo de uma das muitas máquinas de guerra projetadas pelo gênio renascentista Leonardo Da Vinci.
Como tentativa de reparação, diante da dimensão do ocorrido, um dos bisnetos do mestre fiorentino prontamente resgatou de seus arquivos um projeto de prótese mecânica manual desenvolvido pelo ancestral e jamais executado. Complexíssimo, diga-se de passagem, cheio de algorítimos estranhos e orientações codificadas.
Aventurou-se na construção, com urgência e pertinácia, desvendou a duras penas as inúmeras amarrações impostas que, ao que tudo indicava, só mesmo a ele se renderiam.
O resultado foi magnífico. Funcionou com tamanha perfeição que, até o fim da vida, o maior dos expoentes do barroco, usou-a sem que nunca pudesse ser notada por qualquer outro vivente.
A notícia que se tem, é que hoje em dia, a engenhoca se encontra guardada a sete chaves no cofre de um banco em Tóquio. E quanto ao projeto, nunca mais foi visto.