13.3.19

Pai


Hoje acordei mais cedo
E com saudades do que nunca fizemos
Não tivemos tempo

De um caminhar descontraído 
Pelas ruas do bairro
Numa manhã de domingo

De colher uma fruta no pé
E comer na hora
Lambuzando bocas e dedos

De um abraço apertado
Tendo certeza da ajuda
Ao encarar lá de dentro todo o medo

Da certeza da cumplicidade 
E do companheirismo
Ao surgir a coragem de expor os conflitos

De falar de amor
Não tendo vergonha das fragilidades
Desse nosso ser masculino

Ou quem sabe
Apenas sentar lado a lado
Num banco de praça

Ficando em silêncio
Com o olhar atendo
Acompanhando a passarada

Achando lindo
Ou achando graça
No povo que passa

Respirando fundo a brisa fresca
Tentando adivinhar os cheiros bons
Que escapam das casas

Pensamento livre, coração leve
E os pés descalços
Na grama molhada

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