11.6.15

O amor



Não é para teóricos estritos
Ou literatos com um olhar distanciado

Não é para profissionais e seus algorítimos
Mas para amadores, poetas com acesso irrestrito aos recantos mais íntimos

Envolve essencialmente abordagens práticas
Em que o indivíduo é laboratório de si e cobaia

Conclusões não podem ser tiradas de forma apressada
Mas só depois de repetitivos experimentos

Não tem como ser tocado num instrumento desafinado
Todas as suas interfaces devem ser vivenciadas à contento

Despreza expectativas comportamentais da psicologia
Permeia história e filosofia

Não dá a mínima para a pedagogia
Física e matemática servem apenas de alegorias

Age diretamente na fisiologia
Por isso é que tem uma relação tão íntima com a medicina

E nos seus aspectos mais primitivos
Com a química e biologia

Frio na barriga
Arritimia no coração

Olhos injetados, soluços
Sapos muitos, difícil deglutição

Cotovelos inchados
Cegos de paixão

Suores frios, arrepios
Instabilidade anárquica da pressão

Esquizofrênico desespero
Fel de mágoas, depressão

Claudicância do espírito
Dependência na indecisão

Êxtase infinito quando correspondido
Alucinada indescritível satisfação

Certeza de ter vivido
Humanidade em permanente construção

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