10.2.09
Por volta das quatro
(também para Ferreira Gullar)
Não tenho medo
Do combate nem das mutilações
Do sofrimento e da doença
Da miséria e da fome
Da traição e do perdão
Do inferno e da morte
Não tenho medo de ter medo
Da mediocridade e da demência
Da passividade e do aceite indigesto
De enjoar e não vomitar
De não conseguir me enojar
De absorver e não defecar
De me deixar estragar
Tenho medo de transpirar
Feder
E não me suportar
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