17.10.08

Chaufeur


Dia alto
Sol quase a pino
Há anos a história se repete
Volta para casa um trapo
Lábio inchado
Crostas de sangue na boca
Vômito na gravata
Apenas um sapato
Um hálito acre insuportável
Arrasta-se
Trança as pernas mas chega
Sempre chega
Desaba na cama como se desligado da tomada
Tem um sono abissal
Quando acorda já é noite
Perfila-se como se nada acontecera
Faz um rigoroso toilette
Veste o terno já arrumado e disposto na cadeira ao lado da cama
Toma uma primeira dose e recupera o brilho do olhar
Renasce para a busca
Está sempre só
Peregrina sem saber o que procura
Apenas segue sentindo que a busca é necessária
E maior que ele

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